Em Nairobi, Lutas da África estão no centro do 7º FSM

Mais de 80 mil pessoas deram início neste sábado (20) à edição de 2007 do Fórum Social Mundial — FSM –, desta vez sediado em Nairobi, capital do Quênia. O evento destaca a “incessante história de lutas da África contra a dominação estrangeira, o colonia

A sétima edição do fórum iniciado em 2001 em Porto Alegre, Brasil, será a primeira integralmente realizada na África (a 6ª edição, no ano passado, foi sediada em parte por Bamako, no Mali). Os demates se concentrarão em temas candentes do ponto de vista dos povos africanos, como a emigração, a pandemia de aids, a soberania alimentar, o protecionismo dos países ricos.



Metade da cidade mora numa favela



A atividade inicial do 7º FSM foi uma passeata de milhares de pessoas, desde a grande favela de Kibera até o centro da capital queniana. Cerca de um terço da população de Nairobi, que tem 700 mil habitantes, concentra-se em Kibera. O bairro pobre, com apenas 2 km2, carece de água encanada e outros serviços básicos.



“Estamos combatendo a pobreza, a ignorância, a corrupção e a exploração”, disse aos manifestantes o Kenneth Kaunda, primeiro presidente de Zambia independente, hoje com 82 anos. “Devemos lutar unidos, cristãos, muçulmanos, judeus, hindus, seja quem for”, agregou ele.



Participação inédita do continente



“O FSM em Nairobi vai trazer as demandas da África e dos africanos para o foco do mundo. Esta é a plataforma para que o continente tenha voz”, disse  Patricia Murray, que veio ao Quênia representando uma entidade irlandesa.



A localização do FSM eleva a um novo patamar a participação dos africanos no grande evento de contestação do neoliberalismo, criado para servir de contraponto ao Fórum Econômico Mundial, ou Fórum de Davos, ou ainda Fórum dos Ricos, que se realiza anualmente na Suíça. No 1º FSM, sete anos atrás, apenas três dezenas de africanos compareceram a Porto Alegre. Com os anos esta presença aumentou mas nunca ultrapassou a casa dos 500. Já em Bamako eles chegavam a 30 mil.



Bush, “terrorista nº 1”



Muitos moradores de Kibara aderiram à marcha do FSM. “Eu estava trabalhando num lavacarros quando fui convidado para estar aqui hoje. Disseram-me que eu poderia aprender alguma coisa”, disse um dos participantes, o sem-teto Philip Kimani, de 18 anos.



Numerosos manifestantes conduziam cartazes. Boa parte deles trazia o retrato do presidente dos EUA, George W. Bush, com os dizeres “Terrorista mundial número um”.



Os organizadores do evento tiveram dificuldades para alojar todos os participantes, recorrendo a quartos em residências de particulares. Os problemas de insegurança da capital queniana são outra preocupação, e o governo local recorreu a empresas privadas de segurança para reforçar o policiamento.



Da redação, com agências