Mãe italiana, 90 anos, busca filho guerrilheiro do Araguaia

“Presidente, eu lhe peço, faça-me reaver os restos de meu filho”. Este é o apelo feito ao presidente italiano, Giorgio Napolitano, por Elena Gibertini, 90 anos de idade, mãe de Libero Giancarlo Castiglia, guerrilheiro nascido em Cosenza (sul da Itália) e

Graças à mídia, a velha mãe abriu as portas do Palácio do Quirinal (sede da Presidência) para pedir a intervenção de Napolitano. Ela deseja que os restos de Giancarlo (cujo nome de guerra na Guerrilha do Aragauaia era Joca) possam ser localizados, transportados à Itália e sepultados no vilarejo de San Lucido, litoral do Mar Tirreno, onde ele nasceu. Ou em Lungro, uma localidade ítalo-albanesa onde vive sua mãe.



“Tenho agora 90 anos”, escreveu a senhora Gibertini na mensagem ao presidente, “e sei bem que em breve devo morrer. Meu único desejo é poder prestar uma última saudação a meu filho Libero.”



Giancarlo Castiglia morreu na região brasileira do Araguaia. Fazia parte de um grupo guerrilheiro e era membro do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil. Parece ter sido o único estrangeiro tombado no combate, contra as tropas da ditadura militar brasileira.



Ele, que era conhecido na região como Joca, adotou o nome falso de João Bispo Ferreira da Silva. Meses atrás, seus irmãos enviaram uma solicitação ao ministro do Exterior, Massimo D'Alema, e ao presidente da Câmara, Fausto Bertinotti, reivindicando sua intervenção. Mas não tiveram resposta. Por isso a mãe dirigiu-se diretamente ao presidente Giorgio Napolitano.



Por várias vezes os irmãos de Libero, e a filha de um deles, Lara, foram ao Brasil solicitar (inutilmente) que os restos de Joca fossem identificados, recompostos e devolvidos à família para serem sepultados.



Walter, o irmão de Libero que vive em Lungro junto com a velha mãe, comenta: “Da política não tivemos nenhuma resposta. Envolvemos nesta questão desde expoentes locais até nacionais, mas até hoje não houve nenhuma manifestação de interesse concreto pelo caso. Não temos condições econômicas de custear a localização e o repatriamento do corpo de Libero, por essa razão queremos que o Estado intervenha, para ajudar.”



Fonte: http://www.gazzettadelsud.it