Bush acha que ainda vence no Iraque e pede “uma chance”

O presidente, George W. Bush, pediu “uma chance” ao Congresso dos Estados Unidos, na Guerra do Iraque, para “mudar os eventos na direção da vitória”. O pedido fez parte do relatório sobre o Estado da União, apresentado na noite desta terça-feira (23). Foi

Bush está com uma taxa de aprovação de 33%, segundo pesquisa Washington-Post/ABC News divulgada na segunda-feira. É o pior índice de um ocupante da Casa Branca desde Richard Nixon, três décadas atrás. E o centro do descontentamento dos cidadãos é o desastre na Guerra do Iraque.



Referências ao Iraque mais que dobraram



Apesar disso, e da platéia majoritariamente oposicionista, Bush não se dispôs a recuar na agressão ao país árabe, que já se prolonga a quatro anos e mais de 3 mil vidas de soldados americanos. Conforme um levantamento feito pelo site do jornal The New York Times, a palavra “Iraque” (ou “iraquianos”) apareceu 34 vezes no relatório lido ontem, contra 16 no de 2006. Mas o centro foi a defesa da recente decisão da Casa Branca, de enviar mais 21.500 soldados ao Iraque.



“Nosso país está buscando uma nova estratégia no Iraque — e eu peço a vocês que dêem uma chance para que ela funcione”, disse Bush. “Neste dia, nesta hora, ainda está dentro de nossos poderes determinar o resultado da batalha. Então deixem-nos encontrar nossa decisão e mudar os eventos na direção da vitória”, disse Bush.
“Muitos neste recinto (Bush dirigiu-se a uma sessão conjunta da Câmara e do Senado, mais a cúpula do Judiciário e diplomatas) compreendem que os EUA não podem falhar no Iraque, pois vocês compreendem que as consequências de um fracasso seriam dolorosas e de longo alcance”, disse ainda o presidente.



Democratas fazem oposição comedida



A nova maioria democrata recebeu o apelo de Bush com frieza e críticas, mas sem se somar à reivindicação do movimento pacifista do país, pela imediata retirada das tropas no Iraque. Parlamentares dos dois partidos que monopolizam o espectro político estadunidense trabalham em uma resolução não-obrigatória para expressar sua oposição ao plano dos 21 mil soldados a mais, porém a iniciativa não obriga o governo a desistir dele.



Os democratas escolheram para comentar o discurso o senador Jim Webb, da Virgínia, recém-eleito e veterano da guerra do Vietnã. Este disse que a maioria dos norte-americanos não apóiam a guerra no Iraque e que “precisamos de uma nova direção… uma política que tire nossos soldados das ruas das cidades do Iraque, uma fórmula que permita, em breve, que nossas forças de combate deixem o Iraque”. Mas limitou-se a apelar por uma “mudança de rumo”, que, de resto, o próprio Bush admite, dado o desastre do rumo atual.



Ainda assim, os democratas endurecem suas críticas, à medida que se aproximam as eleições presidenciais de 2008. “Infelizmente, nesta noite, o presidente demonstrou que não ouviu a única grande preocupação dos americanos: a guerra no Iraque”, afirmaram em um comunicado conjunto dos seus líderes na Câmara e no Senado, Nancy Pelosi (Califórnia) e Harry Reid (Nevada), respectivamente.



Da redação, com agências