PC do Líbano: “Greve geral, uma etapa na via da mudança”

O Birô Político do Partido Comunista Libanês examina a crise política e apóia a greve geral que paralisou o país nesta terça-feira. Neste documento divulgado na véspera da greve, o que se destaca não são os “terroristas”, a Síria ou a cizânia religiosa qu

“O Birô Político do Partido Comunista Libanês reitera sua categórica rejeição de toda a política social e econômica que os partidos no poder querem aplicar a todo custo, e que se baseia nos seguintes elementos:



1. Perseguir as mesmas políticas econômico-financeiras que levaram a elevar a dívida pública, o déficit, o desperdício e a corrupção, assim como todas as catástrofes sociais resultantes, desemprego, emigração, inflação, marasmo, falência de pequenas e médias empresas e demissão de centenas de milhares de trabalhadores.



2. Uso da agressão israelense de 2006, dos massacres e destruições que a acompanharam, visando adotar uma política econômica e social contrária aos interesses das camadas populares. Isso fica bem visível nos vínculos criados entre a “ajuda” prometida por certos países e a adoção, pelo governo libanês, de uma chamada “reforma política” essencialmente baseada na privatização dos setores vitais, como eletricidade e saúde, imposição de novas taxas e impostos indiretos que gravam apenas os menores salários… O que constitui, na verdade,muma tentativa hipócrita cuja meta é aliviar a responsabilidade de Israel por tudo que a economia libanesa sofreu desde a primeira agressão, de 1978, até a última, de julho de 2006. É também uma tentativa muito clara de camuflar a responsabilidade as forças políticas que acumularam colossais fortunas às custas do povo libanês.



3. Políticas econômicas incompatíveis com os interesses vitais do país, com o sentido único desejado pelas grandes potências, os Estados Unidos em particular, que continuam a empregar o Líbano como ponto de partida de sua política para a região, mesmo quando isso conduz a crises e divisões de todos os tipos.



O Partido Comunista Libanês sempre alertou contra a política dos partidos no poder. Reiteramos hoje esta advertência; sobretudo prevenimos que o plano de “reforma” política e econômica apresentado na “Conferência de Paris” é perigoso. Ele constitui uma ameaça à unidade do país, pois sua execução resultará na pauperização ainda maior, na emigração dos jovens e, sobretudo, na submissão ao projeto estadunidense para a região, que só redundou em crises e divisões.



Com base nesta análise, o Partido Comunista Libanês conclui que as ações visando enfrentar esta política são legítimas, tendo participado na elaboração e realização destas. A posição de demarcação que o partido adota face a certos apelos à greve, como a de terça-feira, que ele apóia, deriva do fato de que o programa elaborado é parcial e não responde aos imperativos do enfrentamento com os projetos do governo, tanto no plano político como no econômico, de forma a conseguir uma mudança geral da situação.



A batalha aberta no Oriente Médio deve, sobretudo, visar a derrota do projeto de domínio dos EUA. A iniciativa dos partidos no poder tampouco terá um final feliz em 25 de janeiro, na “Conferência de Paris”. E se desejamos vencer esta batalha, em nome do Líbano e do povo libanês, devemos construir um programa nacional que corresponda, ao mesmo tempo, aos imperativos da soberania, da independência e da unidade do Líbano, mas também ao desenvolvimento do regime político sobre bases de igualdade e democracia. Sem esquecer a economia nacional, que devemos assentar sobre  fatores de produtividade e desenvolvimento.



Beirute, 22 de janeiro,
O Birô Político do Partido Comunista Libanês.”