Diversidade: Bienal da UNE debate as Paradas do Orgulho GLBT

Por Carla Santos
Novidade da 5º Bienal de Arte, Ciência e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), o Espaço Logun-Edé – dedicado a gays, lésbicas, bixessuais e transgêneros (GLBT) – foi aberto no domingo (28/01) com o debate sobre “as Paradas do

O debate apontou para a polêmica a respeito da natureza das paradas. Para alguns, esses eventos têm um caráter mais festivo do que político. Já para Cláudio Nascimento, representante do Grupo Arco-Íris – entidade organizadora da Parada do Rio de Janeiro -, as manifestações cumprem a função de celebrar as diferentes identidades sexuais, mas também de reivindicar publicamente iniciativas para acabar com a discriminação.


 


“Saímos do vitimismo, promovemos uma visibilidade positiva. Não nos esquecemos, porém, da realidade de violência e preconceito que sofrem os GLBT”, declarou Nascimento. “Nas Paradas, fazemos isso sem porta-voz, sem culpa ou medo – por isso de uma forma festiva.”


 


Autonomia do movimento
A construção das paradas foi problematizada por parte dos participantes. Uma das principais questões apresentadas foi a garantia de autonomia do movimento. Algumas lideranças temem que pressões de patrocinadores interfiram na sua construção política. Os dois maiores financiadores das manifestações são governos e grandes empresas que prestam serviços a essa parcela da sociedade.


 


No âmbito do governo federal, o papel do Ministério da Cultura (MinC) tem sido decisivo no financiamento das paradas GLBT de todo o país. Segundo o sub-secretário de Identidade e Diversidade Cultural do MinC, Ricardo Lima, essa postura se deve a uma concepção antropológica de cultura por parte da sua atual equipe. “Entendemos que os diversos setores da sociedade produzem cultura que se manifesta, não necessariamente, por meio da arte”.


 


Para Lima, isso representa um avanço para um país conservador como o Brasil – o que permite acelerar o processo para por fim as diferentes formas de discriminação sexual. “Precisamos avançar ainda mais, pois o Estado tem o seu papel na construção de uma nova consciência livre da homofobia. Agora, atingir a sociedade civil é a parte mais difícil”, comenta.


 


Nas mãos dos militantes
Já a diretora Kelly Kotlinski Verdade, a Kaká, da ONG Coturno de Vênus – entidade realizadora da Parada Lésbica de Brasília – acredita que a melhor forma de garantir a autonomia é deixar os militantes decidirem de que forma construirão as Paradas. “Dessa maneira, os patrocinadores não podem interferir nos rumos políticos do evento”, disse Kaká.


 


Após o debate, foi realizada uma mostra de curtas com a temática da diversidade sexual. As atividades do Espaço Logun-Edé estão acontecendo no Clube da Turma OK, na Lapa. A programação se estenderá até sexta e deve contar com inúmeras personalidades, como André Fischer, do Mix Brasil, e o deputado estadual Carlos Minc (PT-RJ).