Para novo comandante dos EUA no Iraque, “o tempo é contado”

O almirante William Fallon, em vias de assumir o Comando Central (Centcom) das tropas dos Estados Unidos no Iraque, não parece entusiasmado com as chances de reverter a situação. “O tempo é contado”, advertiu ele nesta terça-feira (30) para uma comissão d

“A situação no Iraque pode ser revertida mas o tempo é contado e não há nenhuma garantia. Porém vocês podem contar comigo para fazer o possível”, disse Fallon.



Altigo comandante das forças americanas no Pacífico, o almirante deve substituir o general John Abizaid na chefia do Centcom e também supervisionará as demais operações do Pentágono no Oriente Médio. Ele fez a declaração pouco otimista perante os senadores da Comissão das Forças Armadas, que devem aprovar sua designação.



Não sabe o que fazer com os 21.500



Fallon preconizou o emprego no Iraque de “ações novas e diferentes”, tanto econômicas como políticas. Disse também que é tempo de “redefinir os objetivos” dos EUA no país ocupado há quase quatro anos. Afirmou que “nós nos enganamos” quanto à capacidade do governo iraquiano para reconstruir a sociedade após a queda de Saddam Hussein. E concitou o executivo iraquiano a “assumir algumas dessas decisões difíceis”.



A escolha do almirante pelo presidente George W. Bush surpreendeu alguns observadores, segundo comentou o jornal francês Le Monde. Fallon é o primeiro oficial da Marinha a assumir o comando das operações de guerra dos EUA. Ele próprio admitiu não ter ainda uma estratégia precisa para a distribuição dos 21.500 soldados suplementares que Bush destacou para o Iraque, indicando que ainda está concentrado em suas responsabilidades na área do Pacífico.



Guerra civil confessional



Enquanto Fallon expressava suas incertezas em Washington, no Iraque ocupado uma série de atentados suicidas tingiu de sangue as cerimônias de Ashura, o dia sagrado dos muçulmanos xiitas. Em Baladruz, 75 km ao norte de Bagdá, um homem-bomba fez-se explodir diante de uma mesquita xiita, deixando um saldo de 23 mortos e 60 feridos. Horas antes, em Kanakine, outro atentado fez 13 mortos, numa procissão de fiéis xiitas. Um terceiro matou três pessoas numa mesquita xiita em Diala.



A guerra civil da caráter confessional, opondo xiitas e sunitas, superpôs-se à guerra de ocupação desfechada em 2003 pela administração Bush, gerando no Iraque uma situação de desagregação. Muitos observadores temem o esfacelamento do país em três. E alguns deles sustentam que esta possibilidade não está fora dos planos dos ocupantes.



Da redação, com agências