Pais aprovam distribuição de preservativos nas escolas

Pais e alunos aprovam a oferta de preservativos como uma das atividades do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE). A informação está entre os resultados da pesquisa “Saúde e Prevenção: cenários para a cultura de prevenção nas escolas”, realizada pela

A disponibilização do preservativo no ambiente escolar é considerada “uma idéia legal” para 89,5% dos estudantes e 63% dos pais. Apenas 5,1% dos alunos, 6,7% dos professores e 12% dos pais pesquisados acham que essa “não é função da escola”. O estudo, que avaliou entre maio e julho de 2005 o projeto em 135 escolas públicas, será divulgado nesta terça-feira (6/2), em Brasília (DF).



A pesquisa confirmou que os pais se tornam grandes aliados às atividades desenvolvidas nas escolas públicas que aderiram ao projeto e afirmaram “ter intensificado o diálogo com os filhos e ampliado a discussão e as informações sobre prevenção”, afirmaram 56% dos pais entrevistados.



A pesquisa foi feita em 33 localidades do País, de 14 estados, empregando-se técnicas quantitativa e qualitativa em 135 escolas da rede pública de ensino. O universo expandido de alunos pesquisados é de 102 mil estudantes. Além das escolas que integram o SPE, também foram pesquisadas escolas com características gerais semelhantes e que não participam do projeto.



O estudo revelou que 44,7% dos estudantes têm vida sexual ativa. Em relação ao preservativo, 60,9% dos estudantes declaram ter usado o insumo na primeira relação sexual e 69,7% fizeram uso na última relação. O principal motivo alegado por 42,7% dos estudantes para não usar o preservativo é não tê-lo na hora “H” e 9,7% deles declararam que não têm dinheiro para comprá-lo.



A disponibilização do preservativo em escolas participantes do SPE é feita nos estabelecimentos de ensino onde já existem atividades educativas relacionadas a um projeto pedagógico que inclui cursos, oficinas, palestras sobre saúde sexual e saúde reprodutiva e quando há consenso da comunidade escolar (pais, alunos, professores e direção) quanto à oferta do insumo.



Na pesquisa qualitativa, os pesquisados declararam que a temática das DST e aids e gravidez passaram a ser mais discutidas, tanto entre professores e estudantes como entre estudantes e seus pais. Entre os resultados apontados espontaneamente pelos entrevistados estão adolescentes e jovens mais informados, sensibilizados e conscientes. Eles também consideram que temas ligados à sexualidade passaram a ser tratados “com mais naturalidade, sem mitos, sem brincadeiras”; além de verem reduzidos preconceitos, tabus e discriminação em relação aos portadores do vírus HIV e aos indivíduos de diferentes orientações sexuais. Os pesquisados sentiram maior interesse em participar das atividades e desprendimento na busca por esclarecimentos e pelo preservativo.



A formação de estudantes em agentes multiplicadores de informações e de ações de prevenção proporcionou um aumento da auto-estima dos adolescentes e jovens, fazendo com que se sentissem importantes e valorizados, de acordo com as percepções deles registradas pelos pesquisadores.



Histórico
Desde 1995, quando foi criado o Projeto Escolas, o governo federal promove ações relacionadas às DST/Aids em escolas. Em 2003, foi lançado o projeto Saúde e Prevenção nas Escolas com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade dos jovens e adolescentes às DSTs, à infecção pelo HIV, à aids e à gravidez precoce, como resposta a estudos que mostram a exposição da população com idades entre 13 e 19 anos a todos esses eventos. A iniciativa trabalha a inclusão, na educação de jovens das escolas públicas, dos temas saúde reprodutiva e sexual – tendo com principais elementos a educação preventiva e formação de consciência crítica de forma interdisciplinar.



O SPE reúne ações que envolvem a participação de adolescentes e jovens (de 13 a 24 anos), professores, diretores de escolas, pais dos alunos, e gestores municipais e estaduais de saúde e educação. O projeto é o resultado de uma inicitiva do Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de DST e Aids, e da Educação, com o apoio da UNESCO no Brasil (Organização das Nações Unidas para a Educação e Ciência e a Cultura), e do UNICEF no Brasil (Fundo das Nações Unidas para a Infância).