EUA: Corte marcial para soldado que se recusou a ir para Iraque

Com forte oposição dos movimentos pacifistas, uma Corte Militar estadunidense processa, desde a última segunda-feira (5/2), o tenente Ehren Watada, primeiro oficial que se recusou a apoiar a aventura belicista de seu país no Iraque.

Diversas organizações exortaram a população americana a se manifestar contra a guerra em diferentes pontos do país, de Nova York a Los Angeles, durante os dias que durar o processo.


 


O oficial americano, de origem havaiana, redigiu uma carta ao chefe da Casa Branca, George W. Bush, acusando-o de violar a constituição do país e a Carta da ONU. Watada, que ingressou no Exército há três anos e já prestou serviço na Coréia do Sul, declarou que estaria disponível para ser enviado para o Afeganistão.


 


O grupo de apoio a Watada protagonizou na segunda-feira uma marcha de protesto nas redondezas da base de Fort Lewis, em Washington, onde as altas autoridades militares julgam o tenente.


 


Na abertura da corte marcial, o tenente coronel John Head, juiz militar responsável pelo caso, dispensou quase todas as testemunhas de defesa. Ele também determinou que o advogado de Watada, Eric Seitz, não poderia contestar a legalidade da guerra diante do tribunal militar.


 


Meios de comunicação nacionais lembram que o tenente se recusou a participar da ocupação do Iraque, ao reprovar a tendência belicista da Casa Branca.


 


''Nunca pensei que nosso líder trairia a confiança depositada nele. À medida que li as mentiras com que justificou a guerra, envergonhava-me de usar esta farda'', contou Watada, em junho de 2006.


 


Desde então, o oficial participou de entrevistas coletivas e palestras com veteranos que exigiam uma mudança de atitude da administração americana, fato que causou a fúria da cúpula militar.


 


Neste momento, está sendo processado por ''desprezar a máxima autoridade federal'', ''condutas impróprias'' de um oficial e se recusar a ''cumprir seu dever'', de acordo com o Código de Justiça Militar.


 


Se a Corte determinar que ele é culpado, será condenado a até quatro anos de prisão, pena máxima aplicada desde a guerra do Vietnã por esse tipo de imputação.