Juiz anula julgamento contra militar que se negou a ir ao Iraque

A corte marcial que julga o oficial do exército americano Ehren Watada, que se negou a seguir para o Iraque, anulou o processo por incorreção de forma na quarta-feira à noite (7/2), na base militar de Fort Lewis, nos Estados Unidos.

O juiz militar, tenente-coronel John Head, encontrou “inconsistências” no processo e marcou um novo julgamento para 19 de março.


 


Ehren Watada, 28 anos, que se alistou no exército americano depois do 11 de setembro, recusava-se desde junho a combater no Iraque tornando-se, com isso, um exemplo para os movimentos pacifistas americanos.


 


Ehren Watada nasceu no Havaí de pais de origem japonesa e foi criado em Honolulu. Concluiu em 2003 com brilhantismo estudos de economia e se alistou em seguida como oficial do exército.


 


Em sua primeira missão, com o contingente americano estacionado na Coréia do Sul, o jovem impressionou seus superiores, que atribuíram a ele, segundo o comitê que o apóia, adjetivos como “exemplar”, “potencial ilimitado”, que “ama os desafios e vai em frente, no combate”.


 


No início de 2005, serviu na base militar de Fort Lewis, norte de Seattle. Sabendo que sua unidade seria enviada ao Iraque, informou-se sobre o conflito e concluiu que a guerra era ilegal porque o governo Bush mentiu sobre suas motivações.


 


Em carta dirigida em janeiro de 2006 a seus superiores, explicou que se recusaria a partir e que preferia ser demitido do exército. Seu pedido foi rejeitado em maio e sua unidade recebeu a ordem de partir em junho. O tenente Watada preferiu ficar e fez questão que todos soubessem.


 


“Não é uma guerra de autodefesa, mas uma guerra escolhida, para o benefício e a dominação imperialista”, afirmou ele num discurso retransmitido pelo site de seu comitê de apoio, que reúne várias associações e personalidades como o prêmio Nobel da Paz sul-africano Desmond Tutu e a atriz Susan Sarandon.


 


“Não sou um herói”, diz ele em um discurso citado pela ata de acusação, “sou um administrador de homens que diz que já basta. Nunca mais deixaremos que os que ameaçam nosso modo de vida reinem absolutos — sejam eles terroristas ou dirigentes eleitos”.


 


Embora seu discurso seja mal recebido no exército e nas famílias de soldados que partiram, o tenente tem o apoio incondicional de seus parentes: “O que nós vemos hoje é o milagre da consciência, estou muito orgulhosa dele”, declarou sua mãe, Carolyn Ho, conselheira de orientação numa escola de Honolulu.