PFL vira PD em “mudança radical”
O PFL (Partido da Frente Liberal) vai mudar de nome, no dia 28 do mês que vem, para PD (Partido Democrata), e sem o ex-senador Jorge Bornhausen (SC) na sua presidência. A decisão teve a unanimidade da reunião da Executiva Nacional da sigla, nesta quinta-f
Publicado 08/02/2007 21:54
Bornhausen, ao fazer o anúncio, enumerou três pontos que nortearão o futuro da legenda: a mudança de nome, o investimento em políticos jovens nos cem maiores municípios brasileiros e triagem “excluindo filiados interessados em aderir ao governo petista ou que não se ajustarem à intenção do partido de se renovar”.
Contundência pró-privatizações
“Vamos falar as verdades inconvenientes e expor as mentiras convenientes do governo Lula” , além de “assumir a bandeira do cidadão”, disse o ex-senador, que não se candidatou à reeleição e pretende deixar a vida pública depois de entregar a presidência da legenda, não mais em maio, como estava previsto, mas no mês que vem. Entre as bandeiras “do cidadão”, figura a “contundência na defesa de teses como a privatização, começando pela proposta de extinção da Infraero, e entrega dos aeroportos à administração da iniciativa privada”.
Com isso o PD quer “ganhar nitidez no quadro partidário”. E afastar-se de uma aliança automática com o PSDB, num bloco anti-Lula que os pefelistas encaram com olho autocrítico. Teremos a nossa própria pauta, a nossa moldura. Antes havia um pouco de dificuldade de diferenciá-la da pauta do PSDB. Queremos que haja nitidez nessa imagem agora”, afirmou José Carlos Aleluia (BA), vice-líder da legenda na Câmara.
Tempos difíceis para o PFL-PD
Nas últimas eleições, o PFL teve seu pior desempenho desde a cisão no PDS, em 1985, que deu origem à legenda. Elegeu apenas um governador – José Roberto Arruda, do Distrito Federal, que não é um pefelista histórico e sim um oriundo do PSDB. A sua representação parlamentar vai se erodindo. Elegeu 65 deputados que agora são 63 e podem se reduzir a 50. No Senado conquistou 18 cadeiras, mais 14 obtidas em 2002, porém sua bancada se resume hoje a 17.
Como se não bastasse, o pefelista em cargo executivo mais importante, Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, envolveu-se nesta semana num incidente fatídico para sua imagem, ao se destemperar e chamar de vagabundo um pequeno empresário que fazia um protesto pacífico ao lado do filho.
Até a aposta em “investimento em políticos jovens” adquire um sentido meio melancólico. Os jovens quadros com maior visibilidade no partido são filhos e netos de velhos pefelistas, como Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), Rodrigo Maia (PFL-RJ) e Paulo Bornhausen (PFL-SC).
O quadro político adverso obrigou os pefelistas a fazer movimentos penosos, como apoiar o comunista Aldo Rebelo para a presidência da Câmara. E sustentar no Senado uma candidatura oposicionista, de José Agripino (RN), que já se sabia sem chances de vitória mas terminou com votação abaixo do esperado — 28 votos num total de 81, devido, ao que se comenta, a traições tucanas.
Decisão foi unânime
Pelo menos, a mudança de nome, a busca de nitidez e de maior distância do PSDB parecem coesionar o partido em sua difícil temporada longe do poder na União e nos estados. A Convenção Nacional Extraordinária em 28 de março, para promover a mudança de nome, foi unanimidade na Executiva e não há indícios de luta interna em torno da “mudança radical”. Leia abaixo a resolução que convoca o encontro:
“A Comissão Executiva Nacional do Partido da Frente Liberal – PFL, no uso de suas atribuições estatutárias, resolve:
Art. 1° – Suspender a realização das Convenções Ordinárias Municipais em todo país, tornando sem efeito o teor da Resolução-CEN nº 378, na parte em que estabelece a data de sua realização.
Art. 2º – Convocar Convenção Nacional Extraordinária, a realizar-se no dia 28 de março de 2007, destinada a deliberar sobre proposta de estatuto, programa e denominação partidária, sem prejuízo de outros temas de sua competência.
Art. 3º – Esta Resolução entra em vigor nesta data.
Senador Jorge Bornhausen, presidente”