Com Jefferson no comando, PTB sofre processo de esvaziamento
Um grupo de parlamentares prepara a saída do PTB a fim de assegurar a permanência na base governista.
Publicado 11/02/2007 18:24
O objetivo desses deputados é isolar o deputado cassado Roberto Jefferson, presidente nacional do partido, que prega internamente a oposição ao governo Lula.
A operação, articulada no próprio Planalto, ganhará força com a saída do ministro Walfrido dos Mares Guia, que pretende levar com ele pelo menos dez parlamentares da legenda. O PTB tem 21 deputados federais e cinco senadores.
“Walfrido é uma liderança natural. Aqueles que estão a favor do governo devem segui-lo”, disse um aliado do ministro.
Mares Guia, que deve continuar no governo Lula, já teria anunciado ao próprio presidente da República sua saída do PTB.
Ele negocia a transferência para outro partido. A proposta inicial seria o PSB, mas ele teria sido aconselhado pelo presidente Lula a migrar para um partido menor, em razão da distribuição de cargos entre a base aliada. As outras possibilidades são PSL e PV.
Debandada
Algumas lideranças importantes já começaram a deixar a legenda. O ex-senador Fernando Bezerra (RN) deixou o PTB no fim de janeiro, e já anunciou que pode levar junto um número considerável de prefeitos de seu estado.
O ex-deputado e ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho (SP) também disse que deixará o partido, mas afirmou que não pensa em outra filiação partidária, pelo menos por enquanto.
O deputado federal José Múcio (PE) deixou a liderança do PTB na Câmara. Ele afirma, no entanto, que a saída do cargo nada tem a ver com discordâncias dentro do PTB. Diz ainda que não pretende deixar o partido.
Aliados do deputado, no entanto, afirmam não ter tanta certeza de sua permanência na legenda. Múcio é um dos cotados para ser líder do governo na Câmara, cargo que é de indicação do presidente Lula.
Fernando Bezerra
O ex-senador petebista já foi sondado pelo PP, cujo presidente, Nélio Dias, é seu conterrâneo. O PP de Rio Grande do Norte faz oposição ao governo de Wilma Faria (PSB), que, por sua vez, tem o apoio de Fernando Bezerra.
Wilma já teria convidado Bezerra para ingressar no PSB. No entanto, o senador perderia o espaço de principal liderança do partido no estado. A situação segue indefinida e Bezerra já afirmou que só decide sobre seu novo partido após o carnaval.
O ex-deputado Luiz Antonio Fleury Filho, que não conseguiu a reeleição, afirmou ao G1 que deixará o PTB nas próximas semanas, e que pretende ficar fora da vida político-partidária.
Não descartou, no entanto, a possibilidade de se filiar a um outro partido mais para frente. “O futuro a Deus pertence”, disse. Fleury disse ainda que está “se adaptando à vida normal”, cuidando de sua vida pessoal e atuando na advocacia.
PSB
O PSB espera abrigar alguns dissidentes do PTB, afirmou o líder do partido na Câmara, Márcio França (SP). Segundo ele, o partido fez o convite de filiação ao ministro Walfrido dos Mares Guia.
“Walfrido é articulado e vê com simpatia o PSB. O partido tem um vácuo político em Minas e todo vácuo político é preenchido”, disse França, apontando para a possibilidade de Mares Guia vir a ser uma liderança importante em Minas Gerais.
O PSB é o partido do ex-ministro Ciro Gomes, importante aliado de Lula. Walfrido atuou na coordenação política da campanha de Ciro à presidência em 2002.
Consenso
Embora cada um dos dissidentes tenha recebido convites de diferentes legendas, a tendência é que entrem em consenso e se filiem ao mesmo partido.
Não é descartada a possibilidade da fundação de um novo partido, que seria criado com o aval do presidente Lula.
O presidente do PTB, Roberto Jefferson, informou por meio de sua assessoria de imprensa que não comentará a desfiliação de figuras importantes do partido até que eles oficializem a saída.
Fonte: G1