Irã repudia alegação de que fornece armas à resistência iraquiana
O Irã repudiou nesta segunda-feira (12/2) as acusações americanas de que Teerã estaria armando parte da resistência iraquiana com bombas capazes de perfurar veículos blindados.
Publicado 12/02/2007 12:45
“Tais acusações não são dignas de crédito nem podem ser apresentadas como evidências. Os Estados Unidos possuem um longo histórico de fabricação de provas. Essas acusações são inaceitáveis”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mohammad Ali Hosseini, em conversa com jornalistas na capital iraniana.
Arrumando o terreno
No domingo, autoridades militares americanas em Bagdá acusaram o governo iraniano de armar militantes árabes xiitas iraquianos com bombas sofisticadas que teriam provocado a morte de mais de 170 soldados dos Estados Unidos no Iraque.
O Exército americano alega que a origem desses explosivos perfuradores de blindagem é iraniana.
Por sua vez, Hosseini garantiu que os líderes da república islâmica não estão interferindo no país vizinho e consideram “qualquer intervenção em assuntos internos do Iraque como enfraquecedoras do governo popular iraquiano”.
Os Estados Unidos têm aumentado a retórica agressiva contra o Irã nos últimos meses, após fracassadas tentativas de impor sanções contra o país por causa do programa nuclear conduzido pelo governo iraniano.
Arrogância imperial
Em uma audiência no Congresso americano, no último dia 1.° de fevereiro, o ex-assessor de Segurança Nacional na administração Jimmy Carter, Zbigniew Brzezinski, disse que a guerra no Iraque é uma calamidade que pode levar a um “conflito direto com o Irã e com o mundo islâmico no geral”.
No Comitê de Relações Exteriores do Senado, Brzezinski acusou a política da administração de George W. Bush de ser definida por uma “arrogância imperial” e de ter resultado num desastre histórico, estratégico e moral.
Apesar de outras ex-autoridades dos Estados Unidos terem criticado a política de Bush no Iraque, nenhuma foi tão contundente como Brzezinski.
“Se os EUA continuarem afundados num prolongado envolvimento sangrento no Iraque, o destino final é um conflito direto com o Irã e com o mundo islâmico”, advertiu o ex-assessor do democrata Jimmy Carter.
Atentado preparado
Brzezinski discorreu sobre um possível desenrolar da ação da administração Bush: o Iraque não consegue cumprir metas estabelecidas, provocando acusações de que o Irã foi responsável pelo fracasso. Então um ato terrorista ou alguma provocação é atribuída ao Irã, culminando numa ação militar “defensiva” americana contra o Irã.
Isto, continuou Brzezinski, afundaria os EUA num pântano que poderia envolver ainda o Afeganistão e o Paquistão. Brzezinski, alto integrante do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que os EUA devem anunciar sua determinação de deixar o Iraque “num razoável curto espaço de tempo”.