Irã repudia alegação de que fornece armas à resistência iraquiana

O Irã repudiou nesta segunda-feira (12/2) as acusações americanas de que Teerã estaria armando parte da resistência iraquiana com bombas capazes de perfurar veículos blindados.

“Tais acusações não são dignas de crédito nem podem ser apresentadas como evidências. Os Estados Unidos possuem um longo histórico de fabricação de provas. Essas acusações são inaceitáveis”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mohammad Ali Hosseini, em conversa com jornalistas na capital iraniana.


 


Arrumando o terreno


 


No domingo, autoridades militares americanas em Bagdá acusaram o governo iraniano de armar militantes árabes xiitas iraquianos com bombas sofisticadas que teriam provocado a morte de mais de 170 soldados dos Estados Unidos no Iraque.


 


O Exército americano alega que a origem desses explosivos perfuradores de blindagem é iraniana.


 


Por sua vez, Hosseini garantiu que os líderes da república islâmica não estão interferindo no país vizinho e consideram “qualquer intervenção em assuntos internos do Iraque como enfraquecedoras do governo popular iraquiano”.


 


Os Estados Unidos têm aumentado a retórica agressiva contra o Irã nos últimos meses, após fracassadas tentativas de impor sanções contra o país por causa do programa nuclear conduzido pelo governo iraniano.


 


Arrogância imperial


 


Em uma audiência no Congresso americano, no último dia 1.° de fevereiro, o ex-assessor de Segurança Nacional na administração Jimmy Carter, Zbigniew Brzezinski, disse que a guerra no Iraque é uma calamidade que pode levar a um “conflito direto com o Irã e com o mundo islâmico no geral”.


 


No Comitê de Relações Exteriores do Senado, Brzezinski acusou a política da administração de George W. Bush de ser definida por uma “arrogância imperial” e de ter resultado num desastre histórico, estratégico e moral.


 


Apesar de outras ex-autoridades dos Estados Unidos terem criticado a política de Bush no Iraque, nenhuma foi tão contundente como Brzezinski.


“Se os EUA continuarem afundados num prolongado envolvimento sangrento no Iraque, o destino final é um conflito direto com o Irã e com o mundo islâmico”, advertiu o ex-assessor do democrata Jimmy Carter.


 


Atentado preparado


 


Brzezinski discorreu sobre um possível desenrolar da ação da administração Bush: o Iraque não consegue cumprir metas estabelecidas, provocando acusações de que o Irã foi responsável pelo fracasso. Então um ato terrorista ou alguma provocação é atribuída ao Irã, culminando numa ação militar “defensiva” americana contra o Irã.


 


Isto, continuou Brzezinski, afundaria os EUA num pântano que poderia envolver ainda o Afeganistão e o Paquistão. Brzezinski, alto integrante do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que os EUA devem anunciar sua determinação de deixar o Iraque “num razoável curto espaço de tempo”.