Primeiro colocado na Unicamp fez escola pública

A nota mais alta no vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está nas provas de um garoto de 17 anos, que fez o ensino médio numa escola pública militar de Campo Grande (Mato Grosso do Sul), foi coronel-aluno da turma por dois anos, não f

Depois de receber da própria instituição a notícia do seu desempenho, e contar repetidas vezes sua rotina de estudo e hábitos de vida a professores e jornalistas, João Francisco Ferreira de Souza só sabe que quer estudar no Estado de São Paulo.


 


No momento, sua grande angústia é o sonho de muitos candidatos: ele passou em todos os vestibulares que prestou e agora tem 12 dias para decidir para qual universidade irá. Além da Unicamp, seu nome está na lista de aprovados da USP, da Unesp e da UFSCar. “Sei que quero Engenharia, mas não sei qual área. Então, em cada universidade eu coloquei uma. Na USP foi Mecatrônica; na Unicamp, Engenharia Química; na UFSCar, Civil; e na Unesp, Engenharia Mecânica.”


 


Por ser egresso da escola militar, que é federal, na Unicamp e na USP ele foi beneficiado por uma pontuação extra, resultado do programa de inclusão das instituições. Na Unicamp, ainda recebeu mais um bônus, por ser negro. Desse modo, totalizou 759,57 pontos — desses, apenas 40 vieram do programa de inclusão social.


 


“Estou surpreso e feliz. Sempre estudei bastante, como hábito. Desde pequeno, minha mãe me obrigava a fazer a tarefa da escola antes do jantar. E o colégio militar tinha um método mais rígido”, conta. “Eles faziam listas dos melhores do mês, que ganhavam prêmios. E iam somando uma média, que colocava a gente numa hierarquia. Por dois anos eu fui o coronel-aluno, que é o melhor da classe”.