BF injeta mais de 200 mil por mês em São Sebastião do Passé

Mais de 4 mil famílias recebem o benefício, responsável pelo aquecimento do comércio da pequena cidade baiana.

Por Fernando Udo, de Salvador


Em uma casa humilde de dois cômodos, na travessa Pio Moura, bairro do município de São Sebastião do Passe, que fica às margens da BR-110, na Bahia, moram a dona-de-casa Damiana de Jesus Pinheiro, 27 anos, o marido gari Valdinei Ferreira, 28, e seus cinco filhos. A partir do segundo semestre de 2006, o apertado orçamento da família ganhou o importante reforço mensal de R$ 95, pagos mensalmente pelo Bolsa Família. “Esse dinheiro chegou em boa hora.


Estava difícil sobreviver apenas com o dinheiro do trabalho e dos biscates feitos por meu marido. Nem sabia como ia conseguir comprar o material da escola dos meninos”, desabafou Damiana, que integra a lista das 4.088 famílias de São Sebastião do Passé que hoje recebem o benefício do programa.


No município, governado pela prefeita do PCdoB, Tânia Portugal, e que está situado a 58 quilômetros de Salvador, a média do valor recebido pelas mais de quatro mil famílias beneficiadas é de R$ 65. Isso representa uma injeção mensal na economia local de mais de R$ 200 mil. “Num município pobre e com uma arrecadação pequena como a nossa – algo em torno de R$ 3,3 milhões mensais –, esse dinheiro causa grande impacto na economia local. É um recurso seguro, que circula todo mês, principalmente no comércio da cidade. E isso ajuda no aquecimento da economia e conseqüentemente na geração de trabalho e renda”, destaca a prefeita Tânia Portugal.


A Secretaria de Assistência Social é a responsável pelo cadastramento das famílias e gerenciamento do Bolsa Família no município, que possui cerca de 40 mil habitantes. Graças ao trabalho sério e criterioso desenvolvido, 97,78% das 4.180 famílias sebastianenses consideradas pobres pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) são hoje atendidas e recebem complementação da renda através do programa. “Para atender todos os critérios exigidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome, muitas vezes deslocamos nossos técnicos até a casa da família que está pleiteando o Bolsa Família”, afirma Antônio Almeida, diretor de Benefício da secretaria. Segundo ele, a prefeitura também dá todo apoio às pessoas que não possuem documentos para regularizarem sua situação.


Com recursos do Índice de Gestão Descentralizada (IGD), uma ferramenta criada para aprimorar a gestão do Bolsa Família nos municípios, será desenvolvido o programa Caindo na Rede. Em São Sebastião do Passé, cerca de 100 famílias que vivem em vulnerabilidade social serão capacitadas em oficinas de inclusão produtiva e de arte e cultura. As pessoas atendidas aprenderão a bordar em pedraria, fazer bijuterias, doces caseiros e penteados afro. Também serão promovidos debates e feitos esclarecimentos sobre empreendedorismo e financiamento de projetos. Para tanto, a prefeitura de São Sebastião do Passé mantém parceria com o Banco da Mulher, o Senac e o Banco do Nordeste.


“São com iniciativas dessa natureza que estamos trabalhando para melhorar a condição de vida do nosso povo. E tem sido fundamental o apoio e os programas sociais desenvolvidos pelo governo federal. Não tenho dúvida de que o Bolsa Família é o melhor e mais eficiente programa de distribuição de renda até hoje implementado em nosso país”, assegura a prefeita Tânia Portugal.


A influência do benefício também atinge a área rural. “Quando vários agricultores passam a cuidar de sua pequena propriedade ao invés de vender sua mão-de-obra para os fazendeiros por um valor baixo para atender apenas as mínimas necessidades, vemos a importância do programa na vida dos trabalhadores rurais.” A afirmação é do deputado estadual do PCdoB e dirigente da Federação da Agricultura da Bahia (Fetag), Edson Pimenta.


A entidade, inclusive, é parceira do governo federal na implantação de vários programas entre os quais o Luz para Todos e o Bolsa Família. Falando com experiência, Edson comenta sobre os próximos passos a serem dados. “É importante que os beneficiários possam se transformar em agentes produtivos, ou seja, dar acesso a outros programas complementares, como, por exemplo, o micro-crédito e o Programa Nacional de Agricultura Familiar”. (com a colaboração de Hilda Fausto e Deivid Mendes)

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