BF injeta mais de 200 mil por mês em São Sebastião do Passé
Mais de 4 mil famílias recebem o benefício, responsável pelo aquecimento do comércio da pequena cidade baiana.
Publicado 21/02/2007 14:42
Por Fernando Udo, de Salvador
Em uma casa humilde de dois cômodos, na travessa Pio Moura, bairro do município de São Sebastião do Passe, que fica às margens da BR-110, na Bahia, moram a dona-de-casa Damiana de Jesus Pinheiro, 27 anos, o marido gari Valdinei Ferreira, 28, e seus cinco filhos. A partir do segundo semestre de 2006, o apertado orçamento da família ganhou o importante reforço mensal de R$ 95, pagos mensalmente pelo Bolsa Família. “Esse dinheiro chegou em boa hora.
Estava difícil sobreviver apenas com o dinheiro do trabalho e dos biscates feitos por meu marido. Nem sabia como ia conseguir comprar o material da escola dos meninos”, desabafou Damiana, que integra a lista das 4.088 famílias de São Sebastião do Passé que hoje recebem o benefício do programa.
No município, governado pela prefeita do PCdoB, Tânia Portugal, e que está situado a 58 quilômetros de Salvador, a média do valor recebido pelas mais de quatro mil famílias beneficiadas é de R$ 65. Isso representa uma injeção mensal na economia local de mais de R$ 200 mil. “Num município pobre e com uma arrecadação pequena como a nossa – algo em torno de R$ 3,3 milhões mensais –, esse dinheiro causa grande impacto na economia local. É um recurso seguro, que circula todo mês, principalmente no comércio da cidade. E isso ajuda no aquecimento da economia e conseqüentemente na geração de trabalho e renda”, destaca a prefeita Tânia Portugal.
A Secretaria de Assistência Social é a responsável pelo cadastramento das famílias e gerenciamento do Bolsa Família no município, que possui cerca de 40 mil habitantes. Graças ao trabalho sério e criterioso desenvolvido, 97,78% das 4.180 famílias sebastianenses consideradas pobres pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) são hoje atendidas e recebem complementação da renda através do programa. “Para atender todos os critérios exigidos pelo Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome, muitas vezes deslocamos nossos técnicos até a casa da família que está pleiteando o Bolsa Família”, afirma Antônio Almeida, diretor de Benefício da secretaria. Segundo ele, a prefeitura também dá todo apoio às pessoas que não possuem documentos para regularizarem sua situação.
Com recursos do Índice de Gestão Descentralizada (IGD), uma ferramenta criada para aprimorar a gestão do Bolsa Família nos municípios, será desenvolvido o programa Caindo na Rede. Em São Sebastião do Passé, cerca de 100 famílias que vivem em vulnerabilidade social serão capacitadas em oficinas de inclusão produtiva e de arte e cultura. As pessoas atendidas aprenderão a bordar em pedraria, fazer bijuterias, doces caseiros e penteados afro. Também serão promovidos debates e feitos esclarecimentos sobre empreendedorismo e financiamento de projetos. Para tanto, a prefeitura de São Sebastião do Passé mantém parceria com o Banco da Mulher, o Senac e o Banco do Nordeste.
“São com iniciativas dessa natureza que estamos trabalhando para melhorar a condição de vida do nosso povo. E tem sido fundamental o apoio e os programas sociais desenvolvidos pelo governo federal. Não tenho dúvida de que o Bolsa Família é o melhor e mais eficiente programa de distribuição de renda até hoje implementado em nosso país”, assegura a prefeita Tânia Portugal.
A influência do benefício também atinge a área rural. “Quando vários agricultores passam a cuidar de sua pequena propriedade ao invés de vender sua mão-de-obra para os fazendeiros por um valor baixo para atender apenas as mínimas necessidades, vemos a importância do programa na vida dos trabalhadores rurais.” A afirmação é do deputado estadual do PCdoB e dirigente da Federação da Agricultura da Bahia (Fetag), Edson Pimenta.
A entidade, inclusive, é parceira do governo federal na implantação de vários programas entre os quais o Luz para Todos e o Bolsa Família. Falando com experiência, Edson comenta sobre os próximos passos a serem dados. “É importante que os beneficiários possam se transformar em agentes produtivos, ou seja, dar acesso a outros programas complementares, como, por exemplo, o micro-crédito e o Programa Nacional de Agricultura Familiar”. (com a colaboração de Hilda Fausto e Deivid Mendes)
Leia também:
– Bolsa Família: um passo rumo à cidadania
– Novas oportunidades para quem precisa
– Violência diminui em Maracanaú