Itália: Senado debate voto de confiança a Prodi
O Senado italiano retomou na manhã desta quarta-feira (28/2) o debate sobre o voto de confiança no governo do primeiro-ministro Romano Prodi. As intervenções dos senadores ocorrerão até às 18h locais (14h de Brasília), quando está prevista uma intervenção
Publicado 28/02/2007 12:36
Cerca de 50 senadores estão inscritos para intervir na Câmara Alta, antes da decisão sobre o voto de confiança no governo. A aprovação do governo Prodi é dada como certa pela mídia local, após um acordo realizado entre os membros da coalizão de centro-esquerda.
O chefe do governo italiano defendeu ontem, durante seu discurso programático no Senado, sua política exterior europeísta, que se complementa com a tradicional aliança com os Estados Unidos e a Otan.
Após reconhecer que a crise política começou devido ao pedido de continuação da missão militar no Afeganistão, Prodi afirmou que existem diferentes visões sobre o tema.
“O Executivo foi posto em minoria sobre um capítulo de fundamental importância como a política externa. Também antes houve tensões e brigas. Por isso nunca escondi a natureza política dessa crise”, disse Prodi abrindo o debate ontem sobre a confiança na Câmara Alta.
O governo foi derrotado na quarta-feira passada em uma votação sobre a política externa, o que levou Prodi a renunciar. De acordo com o senador José Luís Del Roio, em entrevista publicada pela Agência Carta Maior, “O Ministro das Relações Exteriores, Massimo D’Alema (Partido Democrático della Sinistra, ex-comunista), compareceu ao Senado para fazer um relato geral sobre a política externa”.
Nesse relato, o ministro assumiu uma posição contrária aos interesses dos EUA em relação à ampliação de uma base no país e à presença de tropas italianas no Afeganistão. Del Roio explica que esse quadro acabou provocando a exigência de votação, “cujo resultado foi a derrota do governo por três votos”.
Del Roio conta que nessa questão votou com o governo. “Era absolutamente necessário. A crise estava sendo incentivada pelo Vaticano. É preciso diferenciar a Igreja do Vaticano, que é um Estado muito pressionado por reformas dos direitos, como a união civil de homossexuais e outros. Em muitos casos, eles se somam ao governo dos EUA, para reduzir o peso da esquerda radical.”
“O apoio ao governo precisa ser visto nesse quadro. Assim, a ausência de dois senadores da base governista representa um erro de análise monstruoso, pois dá à direita o argumento que a esquerda radical não pode governar. Atenção: este é o único país da Europa onde estes setores estão no governo. O gesto dos dois senadores golpeia profundamente a esquerda na Itália”, considerou o senador.
Leia a íntegra da entrevista de Del Roio em “Senador comunista adverte: Alternativa a Prodi é Berlusconi“