Itália: Senado debate voto de confiança a Prodi

O Senado italiano retomou na manhã desta quarta-feira (28/2) o debate sobre o voto de confiança no governo do primeiro-ministro Romano Prodi. As intervenções dos senadores ocorrerão até às 18h locais (14h de Brasília), quando está prevista uma intervenção

Cerca de 50 senadores estão inscritos para intervir na Câmara Alta, antes da decisão sobre o voto de confiança no governo. A aprovação do governo Prodi é dada como certa pela mídia local, após um acordo realizado entre os membros da coalizão de centro-esquerda.


 


O chefe do governo italiano defendeu ontem, durante seu discurso programático no Senado, sua política exterior europeísta, que se complementa com a tradicional aliança com os Estados Unidos e a Otan.


 


Após reconhecer que a crise política começou devido ao pedido de continuação da missão militar no Afeganistão, Prodi afirmou que existem diferentes visões sobre o tema.


 


“O Executivo foi posto em minoria sobre um capítulo de fundamental importância como a política externa. Também antes houve tensões e brigas. Por isso nunca escondi a natureza política dessa crise”, disse Prodi abrindo o debate ontem sobre a confiança na Câmara Alta.


 


O governo foi derrotado na quarta-feira passada em uma votação sobre a política externa, o que levou Prodi a renunciar. De acordo com o senador José Luís Del Roio, em entrevista publicada pela Agência Carta Maior, “O Ministro das Relações Exteriores, Massimo D’Alema (Partido Democrático della Sinistra, ex-comunista), compareceu ao Senado para fazer um relato geral sobre a política externa”. 


 


Nesse relato, o ministro assumiu uma posição contrária aos interesses dos EUA em relação à ampliação de uma base no país e à presença de tropas italianas no Afeganistão. Del Roio explica que esse quadro acabou provocando a exigência de votação, “cujo resultado foi a derrota do governo por três votos”.


 


Del Roio conta que nessa questão votou com o governo. “Era absolutamente necessário. A crise estava sendo incentivada pelo Vaticano. É preciso diferenciar a Igreja do Vaticano, que é um Estado muito pressionado por reformas dos direitos, como a união civil de homossexuais e outros. Em muitos casos, eles se somam ao governo dos EUA, para reduzir o peso da esquerda radical.”


 


“O apoio ao governo precisa ser visto nesse quadro. Assim, a ausência de dois senadores da base governista representa um erro de análise monstruoso, pois dá à direita o argumento que a esquerda radical não pode governar. Atenção: este é o único país da Europa onde estes setores estão no governo. O gesto dos dois senadores golpeia profundamente a esquerda na Itália”, considerou o senador.


 


Leia a íntegra da entrevista de Del Roio em “Senador comunista adverte: Alternativa a Prodi é Berlusconi