Vice-presidente americano escapa de atentado no Afeganistão

O vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, escapou ileso de um atentado suicida cometido nesta terça-feira (27/2) contra a principal base americana em Bagram, no Afeganistão, que deixou pelo menos quatro mortos.

Cheney chegou na noite de segunda-feira à base área, onde funciona o quartel-general das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão.


 


Um soldado americano e três civis afegãos morreram no ataque, segundo fontes militares dos Estados Unidos. Mais cedo, o governo do Afeganistão e testemunhas afirmaram que a explosão havia matado 19 pessoas. Outros 20 civis ficaram feridos.


 


De acordo com o sargento americano Richard Simonsen, “o incidente não teve absolutamente nenhum impacto sobre o vice-presidente”. Este foi um dos mais graves atentados cometidos no Afeganistão desde a queda do regime talibã, no final de 2001.


 


Um policial que testemunhou o ataque contou que o terrorista suicida conseguiu passar por um posto de controle afegão e chegar até a entrada da base, protegida por soldados americanos. Foi então que ele detonou os explosivos que transportava.


 


Após o susto, Dick Cheney se reuniu em Cabul com o presidente afegão Hamid Karzai. O movimento Talibã assumiu a autoria do atentado. A mídia internacional revelou que três soldados morreram no ataque, um deles de nacionalidade sul-coreana.


 


O correspondente da emissora catariana al-Jazira, Wali Allah Shahin, disse que várias testemunhas viram o homem-bomba a bordo de um dos caminhões que levava combustível para a base. Quando um dos seguranças parou o caminhão para inspecioná-lo, o homem saltou para fora do veículo e detonou os explosivos.


 


Qari Yusif Ahmadi, porta-voz do movimento Talibã, disse à al-Jazira que Abd al-Rahim, o homem-bomba, era da província de Logar, ao sul de Cabul. De acordo com Ahmadi, o ataque visava atingir Cheneyu.


 


A visita de Cheney acontece ao mesmo tempo que os serviços de espionagem americanos advertem o Pentágono e Washington que a rede al-Qaida e aliados do Talibã estão se reagrupando no Paquistão e também em solo afegaão.


 


Os EUA têm acantonados no país cerca de 27 mil soldados, sob pretexto de que derrotar o Talibã é “vital” para sua própria segurança.


 


O último ano de ocupação foi o mais sangrento desde que as forças lideradas pelos EUA derrubaram o governo chefiado pelo Talibã em outubro de 2001, quando os líderes do movimento disseram não ser possível auxiliar os americanos a procurar e prender Osama bin Laden, supostamente autor do atentado de 11 de setembro de 2001 nos EUA.
 


Fortalecido pelo lucro gerado pelas vastas plantações de papoula — da qual se obtém o ópio — e por abrigo no território seguro do Paquistão, o Talibã prometeu realizar uma agressiva campanha contra a ocupação estrangeira — incluindo um dramático aumento no número de ataques suicidas — assim que a neve comece a derreter nas montanhas geladas do país, nas próximas semanas.


 


No Paquistão, Cheney pressionou Pervez Musharraf, presidente do país, para que faça alguma coias contra o Talibã e a resistência afegã, que usa o território paquistanês como abrigo e campo de treino.


 


Mais de 4 mil pessoas morreran em combate no último ano, o mais sangrento desde que o governo do Talibã foi derrubado pelas forças de ocupação em outubro de 2001.