MG: movimentos denunciam violência da indústria do eucalipto

O assasinato do lavrador Antônio Joaquim dos Santos, que teria acontecido por ele ter roubado lenha de uma área pertencente à empresa de eucalipto V & M Florestal, situada na região de Minas Gerais, na última segunda-feira (26/2), fez com que diver

Antônio Joaquim morava na comunidade de Canabrava, no município de Guaraciama. Com 32 anos de idade, era casado e pais de quatro filhos. Segundo os relatos repassados pelos movimentos, o lavrador foi morto na frente de sua filha, de 16 anos, com dois tiros na boca disparados pelos guardas da empresa.


 


Um documento, assinado pela Rede Alerta Contra do Deserto Verde, Comissão Pastoral da Terra, Fórum Regional de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Associação do Semi-Árido – MG, afirma, veementemente, a covardia do ato e expressa que é necessário por um freio no crescimento descontrolado da indústria e suas consequencias.


 


“Este assassinato é um desdobramento de um violento processo de expropriação das populações tradicionais do Norte de Minas em virtude da expansão da monocultura do eucalipto na região”, diz o documento. Todo este processo, salienta, vem sendo denunciado há anos pelas organizações como a Rede Alerta contra o Deserto Verde, sem que muita atenção seja dado ao fato.


 


A propria comunidade de Canabrava também já relatou, em denúncia internacional, os impactos sofridos com o avanço do cultivo de eucalipto na região, que deixa os moradores sem opção para retirada de lenha e das frutas nativas. Desde então, ameaças e perseguição têm sido constante.


 


“Existem diversos relatos e denuncias de apreensão de carroças, de ferramentas de trabalho dos agricultores, e de violência verbal e física contra os moradores. Na comunidade está instalado um clima de terror, com os moradores perdendo o direito de ir e vir em virtude das constantes ameaças”, relata o documento.


 


Diante do fato, a Rede acionou diversas autoridades para uma intervenção imediata contra os mandados da V & M Florestal. Foram convocadas a Coordenadoria de Direitos Humanos, Meio Ambiente e Conflitos Agrários do Ministério Público, Ouvidoria Agrária Nacional, Comissão dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, entre outros. Os movimentos e organizações exigem a cassação do Selo Verde concendido à empresa.


 


Em nota oficial divulgada pela V & M Florestal, a empresa afirma “que mais uma vez foi vítima de furto de lenha em suas propriedades”, e que aguardará a conclusão do inquérito para poder se pronuciar sobre o assunto.


 


Com informações da Rede de Alerta contra o Deserto Verde e Agência Carta Maior