São Paulo quer tirar da Zona Franca unidade da Samsung
O suposto acordo, mediado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), para que a Samsung transfira sua produção de monitores de computador da Zona Franca de Manaus (ZFM) para Campinas (SP) causou perplexidade entre os parlamentar
Publicado 08/03/2007 17:22
As duas unidades da Samsug no Pólo Industrial de Manaus (PIM) empregam aproximadamente 4 mil funcionários, sendo que a que produz o monitor para uso em informática emprega 2,3 mil trabalhadores.
No mês passado, o secretário estadual da Fazenda de São Paulo, Mauro Ricardo Costa, ex-superintendente da Suframa, anunciou que o Estado vai eliminar a redução de ICMS para os fabricantes de monitores da ZFM.
Com isso, a partir de 1º de abril, a alíquota subiria de 12% para 18% beneficiando diretamente a LG Electronics, instalada em Taubaté (SP). A medida deixa a coreana em condições bastante favoráveis para conquistar importante fatia do mercado contra suas principais concorrentes Samsung, Gradiente e AOC, todas instaladas em Manaus e que possuem 70% do mercado nacional..
Apesar da ameaça de ingressar na Justiça contra a medida, empresas como a Samsung, segundo reportagem publicada na última terça (7) no jornal Valor Econômico, já negocia sua saída de Manaus.
Numa reunião realizada na última segunda (6) em São Paulo, com a presença do presidente da Fies, Paulo Skaf, a indústria da ZFM teria feito “uma proposta inusitada à LG Electronics”. A coreana concordaria com a prorrogação do prazo para entrada em vigor da resolução administrativa que elevou o ICMS, tudo com aval do governo estadual, e a Samsung teria mais tempo para transferir sua unidade de Manaus para Campinas.
Na reportagem, “a Samsung não confirma e nem desmente” a possibilidade de levar sua produção de monitores para São Paulo. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, o encontro com a Fiesp foi uma “reunião privativa” e sigilosa.
Forma predadora
“O que está em jogo é a sobrevivência do modelo. A Lei de Informática prejudicou deveras o segmento de celulares no Estado e agora há um avanço de São Paulo noutro segmento muito importante, e isso de forma predadora”, reagiu a deputada Vanessa, que convidará para reunião com a bancada os técnicos da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e os representantes dos trabalhadores e empresários.
O diretor-executivo do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Ronaldo Mota, concorda com a parlamentar. “É mais um segmento que vai embora, não será apenas uma empresa, por isso acho a iniciativa da bancada louvável. Esse problema que os monitores estão enfrentando hoje, os celulares já enfrentaram. A política de São Paulo nessa área é muito agressiva”, diz.
Para resolver o problema, Mota explicou que há uma negociação entre os governos de São Paulo e do Amazonas, mas não está descartada medidas judiciais. “Isso porque nitidamente a Zona Franca está sendo discriminada e nós somos uma federação onde você não pode dar tratamento desigual aos entes federativos. São Paulo está dando uma tratamento para o País e outro para a Zona Franca”, disse o diretor do Cieam.
De Brasília
Iram Alfaia