São Paulo quer tirar da Zona Franca unidade da Samsung

O suposto acordo, mediado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), para que a Samsung transfira sua produção de monitores de computador da Zona Franca de Manaus (ZFM) para Campinas (SP) causou perplexidade entre os parlamentar

As duas unidades da Samsug no Pólo Industrial de Manaus (PIM) empregam aproximadamente 4 mil funcionários, sendo que a que produz o monitor para uso em informática emprega 2,3 mil trabalhadores.



No mês passado, o secretário estadual da Fazenda de São Paulo, Mauro Ricardo Costa, ex-superintendente da Suframa, anunciou que o Estado vai eliminar a redução de ICMS para os fabricantes de monitores da ZFM.


 


Com isso, a partir de 1º de abril, a alíquota subiria de 12% para 18% beneficiando diretamente a LG Electronics, instalada em Taubaté (SP). A medida deixa a coreana em condições bastante favoráveis para conquistar importante fatia do mercado contra suas principais concorrentes Samsung, Gradiente e AOC, todas instaladas em Manaus e que possuem 70% do mercado nacional..



Apesar da ameaça de ingressar na Justiça contra a medida, empresas como a Samsung, segundo reportagem publicada na última terça (7) no jornal Valor Econômico, já negocia sua saída de Manaus.


 


Numa reunião realizada na última segunda (6) em São Paulo, com a presença do presidente da Fies, Paulo Skaf, a indústria da ZFM teria feito “uma proposta inusitada à LG Electronics”. A coreana concordaria com a prorrogação do prazo para entrada em vigor da resolução administrativa que elevou o ICMS, tudo com aval do governo estadual, e a Samsung teria mais tempo para transferir sua unidade de Manaus para Campinas.



Na reportagem, “a Samsung não confirma e nem desmente” a possibilidade de levar sua produção de monitores para São Paulo. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, o encontro com a Fiesp foi uma “reunião privativa” e sigilosa.



Forma predadora



“O que está em jogo é a sobrevivência do modelo. A Lei de Informática prejudicou deveras o segmento de celulares no Estado e agora há um avanço de São Paulo noutro segmento muito importante, e isso de forma predadora”, reagiu a deputada Vanessa, que convidará para reunião com a bancada os técnicos da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) e os representantes dos trabalhadores e empresários.



O diretor-executivo do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Ronaldo Mota, concorda com a parlamentar. “É mais um segmento que vai embora, não será apenas uma empresa, por isso acho a iniciativa da bancada louvável. Esse problema que os monitores estão enfrentando hoje, os celulares já enfrentaram. A política de São Paulo nessa área é muito agressiva”, diz.



Para resolver o problema, Mota explicou que há uma negociação entre os governos de São Paulo e do Amazonas, mas não está descartada medidas judiciais. “Isso porque nitidamente a Zona Franca está sendo discriminada e nós somos uma federação onde você não pode dar tratamento desigual aos entes federativos. São Paulo está dando uma tratamento para o País e outro para a Zona Franca”, disse o diretor do Cieam.



De Brasília
Iram Alfaia