Estudantes caçam Bush, queimam boneco e dão adeus ao inimigo

Depois da gigante manifestação do dia 8 de Março, estudantes voltaram às ruas nesta sexta-feira (9). Ontem, as boas-vindas, hoje a mensagem de despedida. Nas faixas e cartazes: ''Bush, inimigo dos estudantes, fora imperialismo''. Por Rafael Minoro.

 


 


Nesta sexta-feira, o ''Comando de caça ao Bush'' em São Paulo, organizado pela UNE, UBES, UEE-SP e UPES, concentrou-se logo cedo no Monumento às Bandeiras, em frente ao Parque Ibirapuera. De lá, quatro ônibus saíram em direção à Avenida Luis Carlos Berrini, próxima ao hotel onde está hospedada a comitiva do presidente norte-americano.


 


Quando chegaram ao local, o exército e a polícia tentaram impedir os estudantes de descer dos ônibus e se aproximar. Mesmo usando a lógica da truculência, que já está se tornando característica das forças repressoras do estado, com empurra-empurra e gás de pimenta, os jovens conseguiram romper a barreira policial, tomando a avenida com faixas, bandeiras, latas de tinta vermelha e o boneco representando o inimigo número um da humanidade.


 


Tentando ao máximo se aproximar do hotel, que estava isolado por duas barreiras do exército, reforçada com alguns policiais, os estudantes iniciaram o protesto com palavras de ordem contra a presença de Bush no país. Para o presidente da UNE, Gustavo Petta, ferido na passeata de ontem por estilhaços de bombas de gás lacrimogêneo, as manifestações tem o objetivo de dizer que a juventude brasileira repudia a política belicista dos Estados Unidos e o caráter imperialista que ela impõe às nações mais pobres, principalmente sobre países da América Latina.


 


O sangue do Iraque


 


 


Simbolizando toda a revolta do povo brasileiro, os estudantes não pouparam a cara de tacho do boneco de ''Bush Hitler'' e tocaram fogo na figura. Incendiado, ele ainda foi chutado e pisoteado pelos manifestantes. Cartazes também foram queimados.
Depois, diretores das entidades estudantis enfiaram a mão em uma lata de tinta vermelha e escreveram no chão da Avenida Berrini o grito entalado na garganta de muitos brasileiros: Fora Bush!


 


Com as mãos sujas de tinta, eles disseram que aquele vermelho representava o sangue do povo iraquiano, derramado numa guerra facínora desencadeada pelos Estados Unidos, sob o comando de George W. Bush.


 


Bananas no McDonald's


 


No horário do almoço, os estudantes se dirigiram a uma loja da rede de lanchonetes norte-americana McDonalds, na Avenida Águas Espraiadas. Lá, promoveram uma intervenção bem humorada e criativa. Portando cachos de bananas, eles sentaram à mesa e comeram a típica fruta brasileira.


 


O presidente da UNE disse que aquilo não se tratava de nenhum tipo de manifestação contra quem estava almoçando ali e muitos menos contra os funcionários da loja. Ele explicou que era um ato simbólico para representar a imposição que a cultura dos Estados Unidos tentam sobrepor às tradições de todos os países.


 


A vice-presidente da UNE, Louise Caroline, acredita que a força do movimento estudantil foi demonstrada nestes dois dias de manifestações. Para ela, a data ficará marcada com o vigor dos estudantes, que, vitoriosos, cantaram o hino nacional dentro do McDonald's. ''A partir de agora, Bush saberá que aqui no Brasil ele sempre será persona non grata'', disse.


 



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