Presidente Lula deve anunciar novo ministério na quinta

Passada a convenção do PMDB, cresce a possibilidade de uma definição ainda esta semana sobre o novo ministério. Segundo informação transmitida pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, a líderes de partidos aliados no Congresso, o anúncio

O presidente Lula busca ainda um resultado favorável para as duas negociações mais complexas dos últimos meses: como acomodar a ex-prefeita Marta Suplicy e convencer o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Furlan, a permanecer no governo.


 


Os aliados do Planalto defendem um ponto final no processo de escolha e alertam Lula para colocar atenção na articulação política com o Congresso.


 


Os novos líderes do governo, que tomaram posse semana passada, devem trabalhar rápido e garantir a votação das medidas provisórias do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que a partir do dia 19 passam a trancar a pauta da Câmara.


 


A oposição não é, por princípio, contrária ao PAC. Mas poderá criar dificuldades ao governo. O episódio da criação da CPI dos aeroportos é um sinal desse novo ambiente no Congresso. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), foi bem sucedido no primeiro embate e conseguiu conter os oposicionistas.



 
Em represália, a oposição ameaça obstruir os trabalhos e entrou com mandato de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF). (Oposição pede no Supremo abertura imediata de CPI dos aeroportos).


 


O PSDB, PFL e PPS querem criar a CPI, mas não conseguiram impedir que Chinaglia remetesse a discussão para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que é de maioria governista. A expectativa é que a CPI seja arquivada na CCJ.


 


Um lugar para Marta



 
A pressão do PT para garantir um ministério de “peso” para a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, fez com que o Presidente Lula abrisse espaço na agenda desta segunda-feira para discutir o assunto com o Partido.


 


Lula ofereceu o Ministério do Turismo, na expectativa de deslocar o ministro Walfrido Mares Guia para o Ministério de Relações Institucionais, responsável pela articulação política do governo.


 


Os aliados de Marta, no entanto, gostariam que ela desalojasse o ministro da Educação, Fernando Haddad. Para isso, estimularam a versão de que o ministro Paulo Bernardo poderia ocupar a presidência do Banco do Brasil e Haddad o ministério do Planejamento. Para essa mudança, sugeriram, inclusive, uma alteração no estatuto do Banco para dispensar a exigência de curso superior completo de seus presidentes.



 
De certo, já se sabe da saída do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Ele disse que deixa o governo nessa terça-feira (13). O ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, deve ocupar a pasta da Justiça.


 


A saída do ministro Luis Fernando Furlan também é tida como certa, embora exista uma insistência do Presidente Lula para que permaneça no cargo. O ministro Furlan considera a possibilidade de permanecer no ministério, mas apenas para cumprir um mandato tampão. Ou seja, por um período necessário para que o presidente consiga encontrar o nome do sucessor. Ele prometeu uma entrevista coletiva para esta semana para revelar seu destino.



 
Remover obstáculos



 
Com a definição do ministério, dos novos líderes e da agenda legislativa focada na votação das medidas do PAC, Lula acredita que irá remover os obstáculos ao crescimento econômico.


 


O Planalto acompanha a volatilidade dos mercados financeiros e as suspeitas sobre uma desaceleração da economia dos Estados Unidos, mas acredita que os chamados “fundamentos” da economia brasileira garantem tranqüilidade na convivência com as ameaças de choques externos.


 


As apostas de setores do governo são de continuidade de queda das taxas de juros e crédito farto para o setor privado, premissas que esperam ver confirmadas na ata da última reunião do Copom.



 
O afastamento semana passada do diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua, foi entendido por alguns petistas como a garantia de juros mais baixos nas próximas reuniões.


 


A situação não é tão simples e não tem como referência, apenas, a pessoa de Bevilaqua. A diretoria do BC mantém viés conservador e a volatilidade do mercado financeiro, desencadeada há duas semanas pela queda das bolsas de valores, exige monitoramento e cautela por parte do colegiado do banco. Na reunião da semana passada, o Copom reduziu em 0,25 ponto percentual a taxa Selic, fixada em 12,75 ponto percentual.



 
O BC pede cautela nas críticas e ratifica que a política monetária está no ritmo certo, enquanto o governo aposta em um crescimento de 4,5% este ano e de 5% nos próximos três anos de segundo mandato.


 


Aposta alta


 


O PAC é a aposta maior do Planalto. Esta semana, os ministros da Fazenda, Guido Mantega; do Planejamento, Paulo Bernardo; e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltam ao Congresso, desta vez ao Senado, para uma nova apresentação do programa.



 
Na Câmara, o presidente Arlindo Chinaglia garante que as MPs do PAC serão votadas, apesar das ameaças de obstrução por parte dos partidos de oposição. Ele disse que agirá com rigor na condução dos trabalhos caso a oposição abuse na obstrução das votações.


 


Com agências