Carrion coordenará comissão que organizará o Prêmio Lila Ripoll de Poesias

O deputado Raul Carrion (PCdoB) foi indicado pelo presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Frederico Antunes, para coordenar a Comissão Organizadora que tratará dos procedimentos prévios à concessão do Prêmio Lila Ripoll de P

O objetivo da premiação é fazer com que o povo gaúcho conheça a obra de Lila Ripoll, lançado no ano passado, em comemoração ao centenário de seu nascimento, além de fomentar o desenvolvimento cultural e estimular a criação artística.


 



Quem foi Lila Ripoll



Lila Ripoll nasceu em Quaraí (RS) em 12 de agosto de 1905. Em 1927 foi estudar em Porto Alegre, onde diplomou-se pela Escola Complementar de Porto Alegre. Formou-se pianista no Conservatório de Música (hoje Instituto de Artes da UFRGS), onde tinha planos de dedicar-se à vida de concertista. Nesta época, colaborou com a Revista Universitária, publicando seus poemas. Em 1930, Lila ingressou no magistério estadual e lecionou Canto Orfeônico no Grupo Escolar Venezuela, no bairro da Glória, onde compôs a letra e a música do hino da escola. A partir desta data passou a integrar o grupo de escritores gaúchos que ficaram conhecidos como a Geração de 30: Reynaldo Moura, Athos Damasceno, Manoelito de Ornellas, Vidal de Oliveria, Mario Quintana, Ovídio Chaves, Dyonélio Machado, Carlos Reverbel e Cyro Martins.


 



Em abril de 1934, a partir do assassinato de seu primo e irmão de criação, Waldemar Ripoll, militante do Partido Libertador, Lila, que nutria pelo primo um profundo afeto, entregou-se à defesa das causas revolucionárias. Em 1935, ano da Aliança Libertadora Nacional, Lila, que era admiradora de Luiz Carlos Prestes, intensificou sua participação na Frente Intelectual do Partido Comunista. Começou então sua militância no Sindicato dos Metalúrgicos, junto com Eloy Martins, onde dirigiu o Departamento Cultural, deu aulas de música e literatura, encenou peças de teatro e fundou o Coral dos Metalúrgicos.


 



Estreou em livro com “De mãos postas”, pela livraria do Globo, em 1938. Em 1941, publicou “Céu vazio” , pela livraria do Globo, com a qual ganhou o Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras. Em 1944, casou-se com Alfredo Luís Guedes. Com a legalização do Partido Comunista, em 1945, após a queda do Estado Novo, Lila aumentou sua militância política. Dedicou-se a todas as causas relacionadas aos direitos e à promoção do operariado.



Em 1947, publicou “Por quê?”, no Rio de Janeiro, pela Editora Vitória, porta-voz da intelectualidade comunista brasileira. Após a morte de seu marido de derrame cerebral, em 1949, dedicou-se ainda mais ao trabalho de mobilização popular do Partido Comunista. Foi candidata a deputada estadual pelo Partido Comunista, em 1950, enfrentando forte reação da elite conservadora, que dificultou sua eleição.


 



Em 1951, participou do comitê editorial da Revista Horizonte, órgão do núcleo intelectual do partido, cujo secretário foi Laci Osório. Em torno da Revista Horizonte surgiu o Clube de Gravura do Rio grande do Sul, a associação que mais marcou as artes plásticas do Estado. Neste ano também lançou “Novos Poemas”, nos Cadernos da Horizonte, que evocam o fuzilamento de líderes de uma passeata operária na cidade de Livramento. Com esta obra ganhou o Prêmio Pablo Neruda da Paz, outorgado pelo Conselho Mundial da Paz, com sede em Praga. Também em 1951, como presidente da seção regional da União Brasileira de Escritores, Lila organizou o 4º Congresso Brasileiro de Escritores, em Porto Alegre, com a presença de Graciliano Ramos, Barão de Itararé e Aderbal Jurema, entre outros autores conhecidos.


 



Publicou, em 1954, “Primeiro de Maio”, poema testemunho do massacre acontecido no Dia do Trabalhador, em Rio Grande (RS), quando a polícia metralhou os integrantes da parada cívica. Em 1955, colaborou com “A Tribuna”, órgão do Partido Comunista. Neste mesmo ano, viajou a Moscou e Stalingrado, na União Soviética, onde participou de um Congresso Internacional dos Partidários da Paz, como integrante da Delegação Cultural Brasileira, a convite do Partido Comunista Central.


 



Em 1957, publicou “Poemas e Canções”, nos Cadernos da Horizonte. Estreou, em 1958, no teatro São Pedro sua peça “Um colar de vidro”, dirigida por Luiz Carlos Saroldi. Montou também “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes, estrelada por Delmar Mancuso.


 



Em 1961, publicou “O Coração Descoberto”, no Rio de Janeiro, incentivada por intelectuais cariocas ligados ao Partido Comunista. Em 1964, nos primeiros dias do golpe militar, é presa, mas libertada em seguida, pelo estado avançado de câncer em que se encontrava. Em 1965, escreve “Águas Móveis”, poemas inéditos.


 



Em 1967, pelos esforços do poeta Walmyr Ayala, a Editora Leitura, em convênio com o INL/MEC, lançou Lila Ripoll – Antologia Poética, dias antes de seu falecimento a 7 de fevereiro, em Porto Alegre, vítima de câncer.


 



De Porto Alegre
Alessandra Barros