CSC enfrenta chapa do patrão no Sintect/RJ
Na próxima eleição da nova direção do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Rio de Janeiro (Sintect/RJ), a Corrente Sindical Classista enfrentará mais do que os companheiros das chapas adversárias. Terá como principal rival a direção da ECT/RJ, q
Publicado 14/03/2007 21:09 | Editado 04/03/2020 17:06
A CSC concorre com a chapa 2 – Por um sindicato classista, independente e de luta – com 30 membros, alguns deles compuseram a direção que terminou o mandato em dezembro de 2006 e participam da Junta Governativa, que dirige o sindicato hoje.
A eleição acontecerá nos dias 17, 18 e 19 de abril. Esta será a segunda vez que os trabalhadores vão às urnas, pois o pleito realizado em dezembro foi anulado pela justiça, que acusou falta de prazo para a publicação do edital que convocou a eleição. O juiz Leonardo da Silva Pacheco não levou em conta que a data da eleição foi aprovada em agosto, em um congresso estadual – órgão máximo dos ecetistas. Para os trabalhadores sindicalizados a anulação do processo trouxe grandes prejuízos, pois o sindicato teve gastos na ordem de R$ 100 mil, entre transporte e estrutura. Apesar disso, a CSC foi vitoriosa nas assembléias seguintes, quando elegeu a Junta Governativa, os membros da comissão eleitoral e aprovou a prestação de contas de 2006.
Entre as principais propostas da chapa 2 estão a aprovação imediata do projeto de periculosidade para os carteiros, que passou pelo Senado e hoje encontra-se na Câmara Federal esperando entrar na pauta. Para a chapa 2 é preciso realizar uma campanha nacional para pressionar os deputados a votarem o projeto. Além disso, está na pauta da chapa 2 a criação de um Plano de Cargos e Salários, entre outras propostas.
Relações estranhas
Apesar das disputas entre chapas, o que está em jogo nesta eleição é a mudança de rumo do sindicato caso vença a chapa montada pela direção estadual dos Correios. Isso já havia ocorrido na eleição anulada. Naquele momento, a chapa 3 (Articulação) contou com todo o apoio do diretor regional, Omar Assis, também membro da Articulação. Segundo o Sintect/RJ, a estrutura da empresa foi usada, com chefes de unidades liberados para fazer campanha, uso de carros e, principalmente, ameaçando trabalhadores a votarem na chapa 3. Alguns disseram que foram intimados a tirarem o adesivo da chapa 2.
A batalha entre a direção do Sindicato e a empresa no Rio não é de hoje. Desde que assumiu o Sindicato, a CSC denuncia o estado caótico da ECT no estado. Um dos principais problemas são os constantes assaltos dos carteiros (alguns já foram seqüestrados) e das agências, deixando o Rio de Janeiro em um triste primeiro lugar em roubos. Além disso, as condições de trabalho são precárias, os trabalhadores sofrem com o calor dentro das unidades e as dobras, pois faltam funcionários para fazer o serviço. O Sindicato já denunciou estas questões para o Ministério Público, pediu a contratação imediata de novos funcionários e o fim das terceirizações promovidas pela ECT.
Para a eleição de abril a influência da direção da ECT aumentou. A mesma chapa 3 reúne agora, além da Articulação, o MRL e o Conlutas (PSTU). Este último estranhamente mudou de lado, pois sempre criticou a Articulação, chamando ela de governista e acusando-a de não implementar a luta dos trabalhadores. Aliás, acusação que também estendia à CSC.
Com a união do Conlutas com a Articulação, a CSC se apresenta como a única chapa do campo cutista, uma vez que a chapa 3 propõe a realização de um plebiscito para tirar o sindicato da CUT. A diretora do Sintect/RJ e candidata da chapa 2, Ana Zélia, acredita que ''os trabalhadores não deixarão que o Sindicato perca sua independência e seu caráter classista para cair nas mãos do patronato''.
Além das duas chapas já citadas, ainda concorrem à chapa 4 (PCO) e a de número 5 (formada por alguns membros que saíram da direção do Sindicato). O Sintect/RJ é o segundo maior do Brasil, perdendo apenas para São Paulo, e abrange todos os municípios do Rio de Janeiro. Por isso, a eleição terá urnas em todas as agências do estado que possui trabalhadores sindicalizados. Estão aptos a votar mais de 6 mil ecetistas.
A Comissão Sindical do PCdoB/RJ e a coordenação da CSC convocam todos os militantes da CSC e do Partido a participarem da campanha em prol da chapa 2 para manter na direção do Sindicato companheiros classistas e independentes do governo e da empresa.
Fernando Nogueira – Secretário Sindical do PCdoB/RJ
Carlão – Secretário Sindical do PCdoB/Rio
Jayme Ramos – Coordenador Sindical da CSC/RJ