Vidro quebrado tumultua protesto contra transposição do São Francisco

Uma manifestação de cerca de 500 pessoas em Brasília contra o projeto governamental de integração do Rio São Francisco deu lugar a um princípio de tumulto nesta quinta-feira (15). O grupo deixou o acampamento onde está desde o início da semana e seguiu em

O Ministério está à frente da grande obra de infraestrutura, que é uma das prioridades do governo Lula e foi incluido no PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento). Na terça-feira (13), o Ministério da Integração Nacional publicou no Diário Oficial da União o aviso de licitação para a execução da primeira etapa das obras. A oposição a elas se concentra nos estados banhados pelo rio, que se consideram prejudicados.



Os manifestantes levavam um caixão e rezaram pelo “morto”, que seria o projeto. Mas o protesto fugiu ao controle quando um jovem, Roney Vagner da Silva Fonseca, morador de Taguatinga, quebrou uma das portas de vidro do prédio. Além de ferir a mão com o vidro, o rapaz foi levado para a Polícia Federal por ter danificado prédio de um órgão federal.



“Há dano ao patrimônio. Uma reivindicação tão ordeira, quanto a deles não pode terminar assim”, disse o major Moretto, da Polícia Militar de Brasília. Segundo ele, o manifestante foi detido por dano ao patrimônio.


 


Segundo os manifestantes, tudo foi um mal-entendido. Eles queriam fazer um protesto pacífico em frente ao ministério, depositando carvão, simbolizando a morte do rio, e água, demonstrando a vida. Porém, quando os manifestantes foram entrar no edifício, a porta-automática se fechou e acabou quebrando. Para os organizadores da marcha, existem “agentes que querem denegrir a imagem do protesto”.



O destino da caminhada foi a Câmara dos Deputados, onde os ribeirinhos participaram da audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Na audiência, repetiu-se a polarização geográfica: os estados banhados pelo São Francisco – Bahia, Minas Gerais, Sergipe e Alagoas – rejeitam a obra. Já os do Nordeste Setentrional – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco – deefendem a transposição de uma parte (1,4%) das águas do Rio da Integração Nacional.



Na véspera do protesto, foi criada no Congresso a Frente Parlamentar pela Integração do Rio São Francisco. O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) defendeu na ocasião um “diálogo aberto e franco” com os setores que se opõem. Já o bispo do Crato, Dom Edmilson Cruz falou da necessidade de “desideologizar” o debate. “O diálogo sobre o projeto São Francisco tem que fugir à ideologização. Hoje, é difícil convencer os que são contrários do projeto que a obra é importante, porque o debate foi ideologizado e levado para o fanatismo”, enfatizou o religioso.



Da redação, com agências