Fala Mares Guia, “um estranho no ninho petista”
Sob o título Um estranho no ninho petista, o jornalista Ilimar Franco (O Globo) publica em seu blog uma longa entrevista com o novo ministro das Relações Institucionais, que deve tomar posse nesta quinta-feira (22). “O apoio de todos os
Publicado 19/03/2007 17:11
Ilimar Franco: Um ministro de coordenação política tem muito poder. Quais seus planos eleitorais futuros?
Walfrido Mares Guia: O meu projeto político é atender o presidente Lula. Meu único projeto é servir o presidente, colaborar para o êxito do seu governo e para a unidade da base parlamentar. Se daqui a três anos surgir alguma candidatura vou ver se me interessa ou se vou para casa. Nós (o presidente e o ministro) nos tornamos amigos, tenho muito prazer em trabalhar com ele e para ele.
Ilimar: O ex-ministro Aldo Rebelo também não era petista e foi boicotado. O PT queria seu cargo. O senhor não tem receio de que lhe aconteça o mesmo?
Mares Guia: Nenhum receio. Meu relacionamento com o PT está acima do nível político. Tenho um relacionamento pessoal com os principais líderes do partido. Acredito que teria o apoio, o respeito e a confiança dos petistas e dos aliados.
Ilimar: O seu antecessor (Tarso Genro), algumas vezes, teve de recuar de declarações por causa da reação contrária do presidente. Como o senhor pretende agir nesses casos?
Mares Guia: Tenho que falar o que o presidente quer. Eu jamais terei opinião pessoal. Quando eu falar, não o farei para dar a opinião do ministro, mas para dar a opinião do governo e do presidente Lula.
Ilimar: Que mudanças o senhor fará na estrutura da pasta?
Mares Guia: Nunca inventei gente para levar comigo nos cargos que assumi. Valorizo no limite as pessoas que trabalham no lugar para onde vou. Vou manter o Vicente Trevas, na área de relação institucional, e o Marcos Lima, na área de relacionamento com o Congresso. Aliás, eu disse para o Marcos Lima: “você não vai sair daí nem se o presidente Lula mandar”.
Ilimar: Quais são seus planos para garantir a coesão e a fidelidade da base governista?
Mares Guia: Conversei com o presidente sobre o que precisa ser feito. Disse-lhe que a primeira coisa a fazer, obedecendo a programação do governo, é estabelecer um critério para a liberação das emendas individuais dos parlamentares, não só para a base do governo mas também para a oposição. O Orçamento é uma lei e as leis têm que ser cumpridas. É preciso também oxigenar ao máximo a interação do governo com o Congresso. Um dos meus objetivos é melhorar o atendimento de deputados e senadores nos ministérios. O Congresso tem que ser tratado como um parceiro. Aqui, no Ministério do Turismo, eu chamava os parlamentares e lhes dizia: “preciso de uma emenda para esse município que é seu reduto eleitoral”. Nesse caso, usei a necessidade do ministério para satisfazer a demanda dele. O que tenho que fazer é prevenir os problemas. Fazer profilaxia, ao invés de tratamento terapêutico.
Ilimar: Quando o senhor foi convidado? Como foi sua conversa com o presidente?
Mares Guia: Conversei com o presidente Lula na noite de quinta-feira. Soube então que não havia substituto para o Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e que havia uma demanda do PT pelas Relações Institucionais, pois eles não tinha ficado com nenhum líder no Congresso. Fui informado também que os líderes aliados, além de deputados e senadores que estiveram com o presidente, apoiavam meu nome para a articulação política. O presidente me perguntou: “O que você quer? Qual sua preferência?”. Respondi que minha preferência era ficar onde melhor poderia ajudá-lo, e que considerava que poderia ajudá-lo melhor nas Relações Institucionais. Argumentei que tinha experiência no assunto, fui deputado federal, vice-governador, secretário de estado e ministro e poderia ajudar mais nessa área. Eu gosto dessa tarefa e tenho feito isso diariamente no Ministério do Turismo. Fui embora com um convite para almoçar no Palácio da Alvorada na sexta-feira, mas sem que o presidente tivesse decidido. Lá pela uma hora da manhã de sexta-feira o Gilberto Carvalho (chefe da gabinete da Presidência da República) me ligou para dizer que eu seria o ministro das Relações Institucionais.
Ilimar: Quais são suas prioridades?
Mares Guia: Vou trabalhar em tempo integral para aprovar o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e o Plano de Desenvolvimento da Educação.