Até o fim do ano, Iraque custará mais aos EUA que 2ª Guerra
No momento em que a Guerra do Iraque entra no seu quinto ano, os Estados Unidos fazem as contas: a intervençãqo já devorou perto de US$ 500 bilhões de dólares (R$ 1,05 trilhão) e o gasto total pode ultrapassar US$ 1 trilhão. Nem a Guerra da Coréia e nem a
Publicado 22/03/2007 14:49
A conta se revela bem mais salgada do que previu a administração de George W. Bush. É verdade que hoje a quantia não representa mais que 1% do PIB (Produto Interno Bruto) americano, contra 9% na Coréia (1950-53) e 14% no Vietnã (1964-75). Ocorre que no Iraque, como no Afeganistão, a guerra é financiada por emendas ao orçamento federal – um sistema menos controlado pelo Congresso e habitualmente reservado para situações excepcionais, como o furacão Katrina.
No caso da Coréia esse sistema foi abandonado depois de um ano de conflito; e no Vietnã desde 1966. Desejosos de reestabelecer a normalidade, os parlamentares republicanos e democratas que se ocupam de questões orçamentárias solicitaram a Bush, desde dezembro, que integre as despesas iraquianas ao orçamento federal regular. O Executivo o fez mara 2008, aproveitando para pedir uma verba extra de US$ 100 bilhões para 2007.
Pentágono custa “só” 4% do PIB
Outra diferença em relação ao passado, segundo Robert Hormats, executivo do banco de investimentos Goldman Sachs e autor do livro intitulado The price of liberty : paying for America’s wars (O preço da liberdade: pagando pelas guerras americanas), é que Washington já não exige pesados esforços dos cidadãos para custear o esforço bélico. “Nesta guerra não houve desvalorização, nem mudança da política fiscal”, observa Hormats.
Em vez disso, é a dívida que explode. No fim do ano, o Iraque terá custado aos EUA mais do que a 2ª Guerra Mundial, a mais cara até hoje (US$ 2 trilhões de dólares, corrigida a inflação). O secretário da Defesa, Robert Gates, tenta porém relativizar o dado, sublinhando que o orçamento militar para 2008 representa apenas 4% do PIB do país.
Para o antigo senador democrata do Nebraska Bob Kerrey, isso mostra sobretudo a força atual da economia americana. “Demonstramos uma fantástica capacidade de realizar um programa muito, muito custoso”, observa ele; mas como se financiará o programa social para idosos, cujo peso explodirá nos próximos anos, e eventuais crises futuras da previdência?
O preço dos feridos de guerra
Além disso, os gastos não cessarão com a partida das tropas hoje no Iraque, sublinha Linda Bilmes, da Kennedy School os Government, na Universidade de Harvard. Ela estima que o custo total dos programas de assistência aos veteranos do Afeganistão e do Iraque é de US$ 350 bilhões para os primeiros e US$ 700 para os últimos, levando-se em conta que as chances de sobrevivência dos soldados feridos são hoje maiores do que outrora. “É um outro aspecto do conflito, que o Pentágono e o governo não planejaram e nem previram no orçamento”.
Linda Blimes contabilizou, junto com o Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o custo real da Guerra do Iraque em mais de US$ 2 trilhões, incluindo as despesas passadas e futuras, mas também o impacto econômico, por exemplo sobre os preços do petróleo.
O contra-cálculo dos pró-guerra
“Mas qual seria o preço da passividade?”, indaga Steven Davis, professor de comércio na Universidade de Chicago. Junto com dois colegas, ele calculou em cerca de US$ 14,5 bilhões por ano o preço para manter o dispositivo de sobrevoos das zonas de exclusão e as inspeções de desarmamento no terreno, ao longo de dez anos. Ou seja, um décimo da Guerra do Iraque.
O montante pode levar em conta outras hipóteses: e se Saddam Hussein tivesse provocado intervenções militares dos EUA? E se Washington de qualquer forma tivesse que derrubá-lo? E se ele favorecesse ações terroristas contra os interesses americanos? Com todos estes “se”, a equipe da Universidade de Chicago calcula que o custo seria de US$ 40 bilhões a 700 bilhões.
Fonte: http://www.aloufok.net; intertítulos do Vermelho