Prisão de marinheiros aumenta tensão entre Irã e Reino Unido

O governo do Irã confirmou que capturou 15 marinheiros e fuzileiros navais britânicos na manhã desta sexta-feira (23/3). Segundo o comunicado, os britânicos estavam em águas territoriais iranianas. Os europeus alegam que “patrulhavam águas iraquianas”.

Em um comunicado emitido após o incidente, o Ministério de Defesa Britânico alegou que os seus militares estavam em águas iraquianas “em um local permitido” pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).



O governo iraniano não fez comentários sobre a detenção dos fuzileiros navais. De acordo com a emissora britânica BBC, acredita-se que não tenha ocorrido ainda uma resposta oficial de Teerã porque o país está hoje comemorando um feriado, com prédios públicos e ministérios fechados.



Os meios de comunicação iranianos, incluindo a agência Irna e a televisão estatal, deram a informação citando apenas o Ministério de Assuntos Exteriores britânico.



Segunda provocação



Esta não é a primeira vez que marinheiros britânicos são aprisionados, acusados de invadir águas territoriais do Irã. Em 2004, oito marinheiros foram presos quando estavam em águas iranianas também no Golfo Pérsico.



“Qualquer especulação sobre o que poderia ocorrer ou sobre como nosso pessoal pode ser tratado poderia ser perigosa e pedimos que se abstenham de fazer esse tipo de especulações enquanto o Governo mantiver conversas urgentes com as autoridades iranianas”, indicou o Ministério da Defesa do Reino Unido.



A Marinha iraniana realiza nesta sexta-feira manobras militares no sul da área onde os fuzileiros britânicos teriam sido detidos. Nesses exercícios, que serão realizados até 30 de março em frente à costa da província de Bushehr, as forças iranianas pretendem mostrar sua capacidade defensiva para proteger o litoral do país, segundo o comandante da Força Naval, general Sayad Koyki.



A detenção dos fuzileiros britânicos ocorre em um momento de grande tensão entre o Irã e os EUA e seus aliados, levantando dúvidas na mídia iraniana em relação aos motivos da presença de barcos britânicos em suas águas.



O ministro de Exteriores iraniano, Manouchehr Mottaki, acusou o Reino Unido esta semana de sabotar os esforços para encontrar uma saída pacífica para o caso do programa atômico iraniano, e afirmou que seu país responderá a essa “insolência britânica”.


 


Armas do Irã, segundo britânicos



Antes do incidente, um oficial do Exército Britânico estacionado em Basra, no sul do Iraque, concedeu uma coletiva de imprensa para afirmar que membros da resistência iraquiana estariam sendo financiados pelo Irã e estão atacando as forças britânicas acantonadas em Basra.



O autor da alegação, o Tenente-Coronel Justin Maciejewski admitiu, entretanto, que a suposta interferência iraniana em Basra é apenas uma suposição, e que ele ainda não teria visto nenhuma arma que provasse de fato a interferência iraniana em Basra, onde tropas britânicas foram alvo esta semana de disparos de morteiros e de foguetes por parte da resistência.



Maciejewski disse que a informação provém de líderes das comunidades locais. Segundo eles, os iranianos pagariam 500 dólares por mês aos membros da resistência, além de ceder armamento moderno, para que estes atacassem as tropas de ocupação.