Seis horas de batalha no metrô de Paris

Cerca de 200 jovens franceses enfrentaram ontem (27/3) a polícia por mais de seis horas em uma das estações mais movimentadas de Paris, a Gare du Nord. Aos gritos de ''Fora Sarkozy'', os jovens protestavam contra a prisão violenta de um imigrante sem docu

A batalha campal durou seis horas e terminou com o saldo de 13 detidos e dois trabalhadores do metrô feridos. O ministro do Interior da França, François Baroin, condenou o que chamou de ''violência inaceitável''.



Os policiais atacaram os jovens com gás lacrimogêneo e cães de guarda, sendo repelidos com latas, pedras e outros objetos contundentes. Uma mulher teve de ser retirada do local, intoxicada pelos gases lançados pela polícias.



O conflito, que obrigou o metrô parisiense a fechar a estação por várias horas, não causou transtornos à rede ferroviária. O conflito começou por volta das 16h locais (14 de Brasília) de terça-feira, quando dois inspetores prenderam um imigrante sem documentos.



Segundo a versão policial, o homem viajava no vagão sem bilhete e ao ser abordado pelos agentes retrucou com socos e pontapés. O suposto infrator foi preso e mais tarde apontado como tendo 32 anos e procurado pela polícia, tendo cometido 22 atos violentos e passado pela cadeia em 13 ocasiões.



Ao ser aprisionado, centenas de jovens que passavam pela estação se aglutinaram em torno dos agentes, que chamaram a polícia. Os policiais tentaram dispersar a multidão lançando gás lacrimogêneo e assim começou a batalha campal.



Os objetos lançados pelos jovens machucaram os inspetores e alguns policiais que foram ajudá-los, disse Luc Poignant, da União Policial Força Operária. Após uma breve calma, os enfrentamentos reiniciaram. Depois de oito horas, os policiais conseguiram desalojar os jovens da estação, que só voltou à normalidade pouco antes da meia-noite local.



O porta-voz do Partido Socialista, Julien Dray, considera que os enfrentamentos ''ilustram o clima de tensão que vive o país e a fenda que se abriu entre a população e a polícia''. A candidata socialista à presidência, Ségolène Royal, afirmou que os enfrentamentos simbolizam o fracasso da política de segurança da direita, conduzida na maior parte da legislatura pelo agora candidato direitista, Nicolas Sarkozy.



Para o ex-ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, os agente se limitaram a fazer seu trabalho. ''Somos o único país do mundo no qual se considera que prender alguém que não pagou seu bilhete de metrô é errado''.



''Claro que os viajantes devem pagar seu bilhete, mas que um simples controle possa ter como conseqüência confrontos tão violentos prova que alguma coisa não está bem'', disse Ségolène Royal para o ''Canal+''.



A candidata comunista, Marie-George Buffet, afirmou que os incidentes são ''uma nova ilustração do fracasso'' de Sarkozy, enquanto o ativista antiglobalização José Bové reivindicou uma ''investigação pública''.