Audiência no Senado vai discutir racismo contra alunos na UnB

O episódio de agressão a estudantes africanos na Universidade de Brasília (UnB), ocorrido na semana passada, motivou a realização de audiência pública, nesta terça-feira (3), na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal.

Além dos alunos africanos agredidos na madrugada do último dia 28 na Universidade, foram convidados para a audiência os ministros da Justiça, Tarso Genro; da Educação, Fernando Haddad; de Relações Exteriores, Celso Amorim; da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi e da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Matilde Ribeiro.



O evento, intitulado Superação do Racismo, da Violência e do Preconceito, é uma iniciativa do presidente da Comissão, senador Paulo Paim (PT-RS), e terá como foco o atentado a estudantes africanos da Universidade de Brasília (UnB).



Para participar do debate, também foram convidados o reitor da UnB, Timothy Mulholland; o presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulu Araújo; e a superintendente regional do Departamento de Polícia Federal no Distrito Federal, Valquíria Souza Teixeira de Andrade.



Preconceito no Brasil



De acordo com o senador Paulo Paim (PT-RS), ''é preciso discutir isso. Afinal, é uma vergonha o que aconteceu. E serve de alerta para aqueles que defendem que no Brasil não existe preconceito''.



Após a audiência, Paim – juntamente com o reitor da UnB -, levará os alunos agredidos ao Plenário do Senado. Lá os senadores aprovarão Voto de Solidariedade a cada um dos jovens africanos e será feito pedido de desculpas a eles em nome do povo brasileiro.



Apuração rigorosa



O episódio também está sendo acompanhado pela Câmara dos Deputados. Parlamentares, como a deputada Janete Pietá (PT-SP) e os senadores Paulo Paim (PT-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF), visitaram, na semana do ocorrido, a reitoria da universidade para tratar do assunto.



De acordo com Janete, é preciso apurar de forma rigorosa o ocorrido. ''Se comprovado que este incidente foi realmente uma postura racista, temos que tomar as providências que a lei brasileira permite. É inacreditável que na Universidade de Brasília, onde está a elite da elite, haja uma posição desta natureza em relação a estudantes africanos'', disse.



De acordo com a parlamentar, atitudes como essa trazem à memória o vandalismo cometido por jovens de Brasília, que provocou a morte de um índio. ''Essa atitude se assemelha muito a grupos americanos incendiadores e também relembra o triste caso do índio Galdino, queimado em uma parada de ônibus de Brasília. Isso nunca vai sair da minha memória'', acrescentou.



Segundo a petista, assim como brasileiros que estudam fora do país são bem recebidos, é preciso que eles também recebam os estudantes estrangeiros e aceitem as diferenças culturais e racionais.



Em seu primeiro contato com o reitor da UNB, Janete disse que foi bem recebida e que a reitoria da universidade também está preocupada com o ocorrido. ''O reitor, de uma forma muito correta, está colocando que a data será lembrada na universidade como um marco no combate à todo e qualquer tipo de postura e preconceito racial. Da parte do reitor nós sentimos que há uma posição democrática sobre esse fato'', finalizou.



Com agências