Aeronáutica comandará desmilitarização do controle de vôo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva transferiu para o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, a gerenciamento da crise do setor aéreo depois de avaliar que poderia causar problemas nas Forças Armadas o modo como foi negociado o fim da paralisação dos
Publicado 03/04/2007 13:32
Na sexta-feira, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento comprometeu-se com uma gratificação à categoria, abrir o processo de desmilitarização do controle aéreo e não punir nenhum amotinado. A alternativa de prisão dos controladores em greve foi descartada. O acordo levou à suspensão do movimento e à normalização dos vôos.
Defesa do acordo
No Conselho Político, com a participação do presidente Lula, os representantes dos partidos coligados disseram que o ministro agiu de maneira adequada para a ocasião. “Era a melhor solução que serviu para aquele momento”, disse o deputado Henrique Fontana (PT-RS), vice-líder na Câmara.
“No Brasil, ainda há hierarquia e essa é a orientação do presidente Lula: quem quebrou a hierarquia tem que responder de acordo com as leis e as regras militares”, completou o também vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), após a reunião. “Aqueles que se envolveram responderão pelos seus atos”, acrescentou.
Os participantes informaram que Lula passou para o comandante da Aeronáutica a coordenação da transição do controle aéreo militar para o civil. Durante a reunião do Conselho, o presidente disse que não patrocinará a quebra de hierarquia nas Forças Armadas. Em sua fala inicial, segundo um parlamentar que participou da reunião, Lula voltou a afirmar que está “aborrecido” com os controladores.
Na avaliação dos partidos da base aliada, a CPI “do Apagão Aéreo”, pleiteada pela oposição, permanece fora de questão. “Esses fatos reforçam a tese de que a CPI é para botar fogo no circo. A última coisa que podemos fazer é uma CPI que causaria mais problemas do que ajudaria”, disse Fontana.
Para Albuquerque, a decisão sobre a CPI cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamentar socialista ironizou: “Não podemos fazer igual aos controladores e passar por cima da hierarquia. O Executivo e o Legislativo não podem passar por cima do Supremo.”
Paulo Bernardo não quer “fogo no circo”
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, insistiu em prosseguir o diálogo sobre a crise. “O governo vai negociar, mas exigimos que haja condição de absoluta normalidade no funcionamento do sistema de tráfego aéreo”, disse ele.
“Não vamos investir em um clima de botar fogo no circo”, disse Bernardo. Afirmou que Lula não se recusa a conversar e a dialogar com qualquer categoria que seja, mas acrescentou que não é possível fazer uma negociação “complexa em clima de desconfiança”.
Para Bernardo, a negociação de sexta-feira com os controladores foi feita em meio a uma “situação completamente atípica” e “claramente fora do controle”. “Eu fui para garantir um espírito de mais tranqüilidade e para que as coisas se acalmassem e que o tráfego aéreo fosse retomado”, disse ele. Acrescentou que, por isso, atingiu seus objetivos.
O ministro do Planejamento afirmou ainda que as mudanças deverão ser feitas somente depois de ouvir todos os representantes do setor, mas não citou prazos. “Queremos ouvir todas as partes, mas não podemos fazer isso com faca no pescoço e debaixo de ameaça”, disse ele.
Da redação, com agências