Líderes aliados pedem cautela em desmilitarização

Líderes partidários da base do governo na Câmara demonstram cautela em relação à proposta de desmilitarização dos serviços de controle do tráfego aéreo no País. O líder do PR, deputado Luciano Castro (RR), afirmou que é necessário fazer uma transição,

Castro deixou bem claro que se posicionará contra a mudança se ela for feita ''açodadamente''. O líder do PT, deputado Luiz Sérgio (RJ), defendeu inicialmente um controle compartilhado, com a segurança sob a responsabilidade dos militares e o espaço civil controlado por civis. ''Como a crise foi instalada e evidenciada, a solução se tornou mais complexa e sensível'', disse o petista, ressaltando que preferia evitar dar declarações sobre esse assunto agora.


 


Na negociação com os controladores em greve, na sexta-feira passada, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o setor seria desmilitarizado por uma medida provisória, a ser editada nesta semana. Mais cedo, o vice-líder do governo Henrique Fontana (PT-RS) se declarou a favor da desmilitarização, e o líder do PSDB, deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP), disse ser contra. Apesar de serem da base do governo, Castro e Luiz Sérgio não foram avisados ainda da provável edição de MP.


 


Cindacta 3 já está ''desmilitarizando''


 


Mas apesar da indefinição sobre qual instrumento legal será usado para desmilitarizar o serviço de controle aéreo, o processo de desmilitarização dos controladores de vôo já é uma realidade no Cindacta 3 – que controla o tráfego aéreo da Bahia ao Ceará, com sede no Recife. Uma nota com as novas orientações, assinada pelo coronel-aviador José Alves Candez Neto, divulgada ontem em reunião dos controladores, determina restrição de circulação dos profissionais nas unidades militares. Eles estão proibidos de acessar internet ou intranet durante o trabalho, passaram a usar banheiro exclusivo e a utilizar estacionamento separado dos militares.


 


Ainda de acordo com as novas determinações, os profissionais só podem entrar no local de trabalho a partir de meia hora antes do início do turno e devem deixar a unidade até no máximo meia hora após o término. Também só entram no local de trabalho os controladores escalados para os turnos. Seus nomes constam em listas entregues à guarda do Cindacta 3.


 


Para diferenciar os controladores do restante dos militares do Cindacta, eles usam, desde esta segunda-feira (2), trajes civis ou o uniforme de passeio – camisa azul clara e calça azul escura, chamado de sétimo uniforme – enquanto o restante dos militares foi orientado a usar o uniforme décimo, que é o camuflado. No Recife, os controladores usaram o uniforme de passeio, enquanto em Salvador, os profissionais trabalharam em trajes civis.


 


Os controladores também foram obrigados a entregar as chaves dos armários do vestiário, numa forma clara de mostrar que eles não pertencem mais à frota. Eles não sabem se a determinação foi uma decisão nacional, válida para todo o País, ou se cada Cindacta agiu isoladamente antes das resoluções que devem ser tomadas em Brasília.


 


Da redação,
com agências