Para Berzoini, mídia usa crise aérea para desacreditar o governo

O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), disse nesta terça-feira (3) em entrevista ao site Conversa Afiada, do jornalista Paulo Henrique Amorim, que a mídia trata a chamada “crise do apagão aéreo” da mesma forma que tratou o Gove

Ricardo Berzoini disse que não acredita que a mídia esteja interessada numa desestabilização do Governo Lula a ponto de derrubá-lo, mas tem o interesse de tratar de maneira negativa as ações e os fatos do Governo e da base aliada.


 


Berzoini disse que pode perceber pelo noticiário que práticas políticas ''que foram pouco criticadas em governos anteriores, neste Governo são criticadas porque há um posicionamento antagônico por parte de alguns meios de comunicação''.


Sobre a proposta de instalação de uma CPI para ionvestigar os problemas nos aeroportos, Berzoini comentou que esta CPI ''está caracterizada mais como instrumento de disputa política do que efetivamente como instrumento de investigação''.


 


Leia abaixo, trechos da entrevista de Berzoini:


 


Paulo Henrique Amorim – O senhor acredita que nessa crise agora, por exemplo, chamada de a “crise do apagão, do caos aéreo”, qual é a avaliação que o senhor faz da imprensa brasileira nesse momento?


 


Ricardo Berzoini – Olha, há uma avaliação parecida com que fizemos na época das eleições, ou seja, uma tentativa permanente de descredenciar a autoridade do governo e uma busca de relatar os fatos sempre pela ótica de quem quer desqualificar a gestão pública. Evidentemente, os fatos têm que ser divulgados, discutidos, debatidos com a máxima liberdade possível, mas nós sabemos que muitos meios de comunicação procuram apenas fazer um trabalho de oposição ao governo e não de dar espaço para as mais diversas opiniões envolvidas. 


 


Paulo Henrique Amorim – O senhor acredita que a mídia está interessada numa desestabilização do governo Lula a ponto de derrubá-lo?


 


Ricardo Berzoini – Não, acho que tem o interesse de retratar de maneira negativa as ações e os fatos do governo e da base aliada, o que não quer dizer evidentemente que necessariamente tem essa pretensão. Mas o fato é que nós percebemos pelo noticiário e por práticas políticas que foram pouco criticadas em governos anteriores, no nosso governo são criticadas porque há um posicionamento antagônico por parte de alguns meios de comunicação. Evidentemente, isso decorre da falta de democracia e da falta de uma visão, digamos, mais republicana dos meios, que possam contemplar a diversidade de opiniões.


 


Paulo Henrique Amorim – Última pergunta: e essa CPI do Apagão, na sua opinião, sai?


Ricardo Berzoini – Eu acho que ela não é necessária, por um motivo muito simples…


 


Paulo Henrique Amorim – Mas ela sai?

Ricardo Berzoini – Eu acho que não sai.


Paulo Henrique Amorim – Por quê?


Ricardo Berzoini – Porque ela está caracterizada mais como instrumento de disputa política do que efetivamente como instrumento de investigação, sendo uma questão importante e que afetou todo o país nesses últimos meses. Temos meios eficazes para detectar as razões desse acontecimento. Aliás, já está claro para o país que se trata de uma disputa corporativa e com característica, no caso militar, de insubordinação, o que não é aceitável numa democracia. Quando o caso específico das questões técnicas e operacionais, o governo já está tomando todas as providências para que eles sejam ouvidos, independentemente, por se tratar de um setor muito específico, não dá pra resolver no curtíssimo prazo, mas é preciso garantir que haja a disciplina por parte daqueles controladores militares que estão praticando um ato de insubordinação.


 


Paulo Henrique Amorim – E esse parecer do Ministro Celso de Mello, do STF, recomendando a abertura da CPI, isso não lhe parece que possa ser um argumento decisivo para a oposição?


 


Ricardo Berzoini – Veja bem, o argumento necessita de uma decisão do Pleno do Supremo. Eu acredito que neste caso, deste requerimento específico, há razões mais que suficientes para que nós possamos acreditar que não há fato determinado. Ou seja, não houve o preenchimento do pré-requisito para existir essa Comissão Parlamentar de Inquérito. Tem que haver um fato determinado do Plenário para que haja uma investigação prevista. Quando os Constituintes colocaram na Constituição Federal que é preciso ter prazo e fato determinado, era justamente para não transformar a CPI num instrumento de luta político-partidária, como nós vimos algumas vezes em nosso país.


 



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