Banco do Sul esteve na pauta do encontro entre Lula e Correa

A criação de um Banco do Sul foi discutida nesta quarta-feira (4) entre os presidentes Rafael Correa, do Equador, e Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil. Em entrevista após o encontro, Correa defendeu o banco como instrumento de financiamento de governos

“A América Latina tem cerca de US$ 200 bilhões em reservas investidas no exterior, sobretudo no primeiro mundo. Em outras palavras, uma região pobre como a América Latina está financiando o primeiro mundo, é um absurdo”, afirmou Correa. “Essas reservas unidas podem constituir um fundo, que chamamos de Banco do Sul, para financiar os próprios governo da região e a América Latina não requereria financiamento extraordinário extraregional”, alegou.



O assessor da presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, confirmou que o governo brasileiro considera “boa”, com ressalvas, a idéia de uma instituição financeiro para a região. “Os projetos que apareceram até agora de Banco do Sul não têm consistência técnica”, afirmou. Segundo ele, Correa vai propor uma reunião de ministros da Fazenda para que o projeto possa ganhar “consistência técnica”. “A posição que o Brasil tem defendido é muito mais de criar um sistema financeiro sul-americano que também envolve outras questões, como o acordo que chegamos com a Argentina de comércio em moeda nacional”, revelou.



O presidente Lula tem interesse no projeto, segundo Correa. “Ao presidente Lula interessa a idéia. O que me disse é que houve certa confusão de conceitos”, relatou. De acordo com o presidente equatoriano, um primeiro esboço do Banco do Sul, feito por ministros da economia do Equador, Bolívia, Argentina e Venezuela, previa um banco de desenvolvimento. “Isso já existe, é a CAF [Corporação Andina de Fomento]. A idéia é fazer um Fundo Monetário Regional que sirva para financiar os países e que seja o preâmbulo para um futuro Banco Central, para o dia em que toda a região tenha uma moeda única.”, propôs, defendendo que a América Latina deve buscar uma moeda regional. “No século 21, globalizado e bastante cruel, muito dificilmente as moedas nacionais dos países pequenos e pobres sobreviverão”, avaliou.



O Banco do Sul foi em fevereiro pelos governos de Argentina e Venezuela. Depois, Equador e Bolívia aderiram. Brasil e Paraguai participam como observadores.