Mantega faz trocas na Fazenda e tira crítico do real forte

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quarta-feira (4) que o atual secretário-executivo da pasta, Bernard Appy, vai substituir Júlio Sérgio Gomes de Almeida na Secretaria de Política Econômica (SPE). O ex-ministro da Previdência, Nelson Mac

Nesta quinta-feira Mantega encontrará o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, para discutir política industrial. Ambos devem conversar também sobre a presidência do BNDES, hoje ocupada por Demian Fiocca. Embora o presidente Lula não abra mão de escolher quem preside os bancos federais, há a expectativa de que, caso saia do BNDES, Fiocca possa ocupar a secretaria do Tesouro Nacional.



Gomes de Almeida, segundo o ministro da Fazenda, lhe entregou na segunda-feira à noite a carta de demissão, antes, portanto, da entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, onde fez duras críticas à política do Banco Central, de elevadas taxas de juros, e suas conseqüências sobre a valorização da moeda local. Na terça-feira pela manhã, ambos tiveram uma nova conversa. Mantega aceitou o pedido de exoneração, solicitou que ele aguardasse uns dias e disse, conforme relato de uma outra fonte, que pensava poder acomodá-lo em um algum cargo no governo.



Na entrevista, Gomes de Almeida disse que a valorização do real está “dissolvendo as relações interindustriais e as relações de mercado.” Citou que cerca de 350 mil trabalhadores perderam seus empregos nas indústrias de vestuário e calçados. Disse ainda que soluções existem, mas não mencionou quais. “Estão colocadas sobre as mesas de todas as autoridades. Todo mundo sabe como resolver. O que falta é decisão”, criticou.



“É uma opinião pessoal dele com qual, evidentemente, não concordo”, disse Mantega, que acredita que o BC está praticando a política monetária correta. Prova disso é que o país nunca teve condições econômicas tão favoráveis. “É o melhor dos mundos o que estamos fazendo. Inflação sob controle e juros caindo”, disse o ministro. Mantega também discordou da tese de que câmbio valorizado está produzindo a desindustrialização do país. Para ele, o início de 2007 teve crescimento de vários setores da indústrias, principalmente os segmentos de automóveis e bens de capital.



Mantega não garantiu se as mudanças no ministério terminaram. Disse apenas que “isso nunca pode ser dito”, mas, “no momento”, não há novas mudanças à vista além das anunciadas. Portanto, salientou, não precisava confirmar os nomes dos secretários do Tesouro, Tarcísio Godoy, e da Receita Federal, Jorge Rachid, da mesma forma que o presidente Lula não precisou confirmar o seu nome como ministro da Fazenda nesse segundo mandato.