Software Livre: comunidade rebate Jô Soares

Uma palestra do 8º Fórum Internacional Software Livre – o fisl8, realizado no último fim de semana em Porto Alegre (RS) – rebateu as bobagens ditas pelo apresentar Jô Soares contra a comunidade pró-software livre.

Em 5 de outubro de 2006, o Programa do Jô exibiu uma entrevista com Sérgio Amadeu da Silveira, sociólogo e ex-diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação, e Julio Neves, analista de suporte de sistemas da Dataprev. Uma frase de Amadeu resume sua defesa do software livre: “É mais estável, é mais seguro e é desenvolvido colaborativamente”.


 


Aparentemente desconfortável no tema – e um pouco impaciente com os entrevistados -,  Jô Soares abusou da desinformação e da deselegância. Mal deixou, por exemplo, Amadeu explicar por que o software livre, ao contrário do software proprietário, tem código-fonte aberto. Ou seja, por que ele pode ser alterado para potencializar suas funções.


 


No blog InfoWester, Emerson Alecrim disparou: “A entrevista foi péssima. Logo de início, Jô Soares me pareceu hostil com o assunto. Suas declarações iniciais davam a entender que software livre é uma enganação, como se fosse um produto cheio de vantagens no início para ser cobrado no final”.


 


O exemplo do Linux


 


Segundo Alecrim, “Sérgio Amadeu se enrolou para desfazer os equívocos, mas não era para menos: Jô Soares o cortava a todo momento, causando quebra de pensamento”. Mas Júlio Neves ainda conseguiu sintetizar a essência de sua causa: “Uma coisa interessante para dizer sobre software livre é que ele é baseado na interatividade”.


 


Daí a necessidade de ter um código aberto. Amadeu acrescentou que o Linux – “software livre mais famoso no mundo” – não é desenvolvido por uma empresa, mas por uma comunidade de mais de 150 mil pessoas no mundo. Chega a rodar, por exemplo, na Bolsa de Valores de Nova York e na Nasa.


 


Jô Soares, porém, não só questionou, sem argumentar, o modelo de colaboração voluntária como também tachou os desenvolvedores de “franciscanos”. Para ajudar o apresentador a entender um pouco melhor do assunto, a mesa da palestra na fisl8 contou com a participação de Fernanda Weiden (Google), Roberto Freire Batista, o Piter Punk (NTUX Informática), Beraldo Leal (UNP), Lucas Rocha (Nokia/GNOME) e Flávio Glock (Sociedade Pearl do Brasil).


 


Em opinião unânime, todos afirmaram que o trabalho feito por eles – seja na área de desenvolvimento de softwares, no empacotamento ou na distribuição – é fruto da paixão, da diversão, do prazer em compartilhar o conhecimento e do fazer em grupo.


 


Cooperação


 


Lucas Rocha foi além: “Adoro programar – e é o que prefiro fazer no meu tempo livre. É pura diversão”. Segundo o representante da Nokia/GNOME, a baixa remuneração da área não o desanima. “Gosto do espírito de cooperação, de multiplicar o meu conhecimento e o meu aprendizado. Isso acaba abrindo portas para o desenvolvimento das empresas.”


 


“Jô Soares ainda não entendeu o que é software livre e talvez não se esforce para isso, pois ou o assunto não lhe é interessante, ou ele tem uma visão negativa de tudo isso”, disse Emerson Alecrim. “Se é assim, não deveria ter conduzido a entrevista.”


 


Enfim, o que restou de mais amplo na entrevista com Jô foi um destaque de Sérgio Amadeu. O software só é livre quando se baseia em quatro características – na verdade, quatro liberdades: de uso para qualquer fim; de estudo de suas propriedades; de mudança de suas funções; e de distribuição.


 


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