Bush nega constatação de que Guerra do Iraque ''está perdida”

Desde quinta-feira (19) o presidente George W. Bush e seus republicanos tratam de apagar o incêndio ateado pelo líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, que declarou sobre o Iraque que ''esta guerra está perdida'' e o envio de mais soldados ''não

“Existem todos os dias ataques terríveis no Iraque, como os atentados a bomba de quarta-feira em Bagdá, mas o curso do combate começa a mudar”, disse Bush num discurso em East Grand Rapids, no Michigan, norte dos Estados Unidos.



Em Ohio, o espectro da catástrofe



Para o chefe da Casa Branca, é necessário esperar para julgar o plano anunciado em janeiro, de aumentar em 20 mil, e depois 30 mil. o número de militares norte-americanos em território iraquiano. “As primeiras indicações começam a aparecer e mostram que a operação responde às expectativas previstas até agora”, assegurou Bush.



Na véspera, num colégio em Ohio, o presidente também insistiu na defesa de sua guerra. Mas em vez de repisar os bordões otimistas, preferiu amedrontar sua platéia com o espectro de uma catástrofe ainda maior no caso de uma retirada ''precipitada''.
Ele fez uma comparação entre as guerras do Iraque e do Vietnã. ''No Vietnã, depois que saímos, milhões de pessoas perderam a vida. Minha preocupação é que haja um paralelo aqui'', disse. ''Desta vez, o inimigo simplesmente não vai se contentar em ficar no Oriente Médio, vai nos seguir até aqui (nos EUA)'', advertiu.



Todas as explicações são para responder a Reid e à ofensiva democrata, que ganha força na medida em que a guerra fica mais impopular e as eleições presidenciais de 2008 se aproximam. O Congresso, com maioria democrata desde a eleição de novembro passado, aprovou um projeto que autoriza a liberação de mais US$ 100 bilhões para a guerra, mas com a condição de que se fixe prazos para a retirada das tropas – que no mês passado entraram em seu quinto ano de combates.



O que Reid disse a Bush



Reid, um veterano democrata do Nevada, mormon e com 20 anos como senador, jogou duro ao subir à tribuna na quinta-feira. Mais ainda porque seu discurso tomou por base um relato de seu diálogo com Bush, quarta-feira, numa reunião na Casa Branca para discutir o projeto da retirada a prazo fixo, que o presidente promete vetar.



''A máquina de distorções da Casa Branca está fazendo hora extra'', disse o senador. Enquanto Bush e seus aliados atacam quem tem ''coragem de fazer perguntas duras, de dizer a verdade sobre o Iraque''.



Ele relatou ter dito a Bush que ''esta guerra está perdida'', e que o envio de mais 30 mil soldados ''não está servindo para nada''. Disse ter defendido a fixação de prazos,assim como medidas  ''para reduzir as missões de combate e concentrar nossos esforços nas reais ameaças à nossa segurança''.



Ambivalência democrata permanece



O senador manteve porém a ambivalência que acompanha o Partido democrata. Desde o início da guerra, em março de 2003, este tem alternado críticas verbais à condução do conflito com todos os votos de que Bush necessita. ''A guerra só pode ser vencida diplomaticamente, politicamente e economicamente, e o presidente precisa chegar a perceber isso'', defendeu. ''Enquanto seguirmos o rumo do presidente no Iraque, a guerra está perdida. Mas ainda há uma chance de mudar de rota — e devemos mudar de rota'', disse ainda.



Assim, apesar da constatação corajosa da ''guerra perdida'', o discurso de Reid não acende esperanças de que uma hoje provável vitória democrata nas eleições presidenciais leve à retirada das tropas. A mais bem posicionada entre os pré-candidatos do partido, Hillary Clinton, ao lançar sua postulação preferiu falar em um ''fim honroso'' para a ocupação.



Da redação, com agências