Le Monde e Libération declaram apoio à candidatura Ségolene

Às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial deste domingo, dois dos principais jornais franceses – o Le Monde e o Libération – declararam apoio à candidatura da socialista Ségolène Royal num esforço para evitar a dispersão dos

Os jornais – com longa relação histórica com a esquerda – exortaram o eleitorado a votar em peso na socialista, preterindo outros candidatos, como o centrista François Bayrou, da União pela Democracia Francesa (UDF). Bayrou vem, nos últimos meses, roubando votos tanto de Ségolène quanto de Sarkozy.



Tanto o Le Monde quanto o Libération defenderam o voto no Partido Socialista (PS) pela mesma razão que intelectuais como o filósofo Bernard Henri-Lévy o fizeram: o medo de que a esquerda mergulhe numa crise sem volta. “O quadro é dramático”, reconheceu o sociólogo François Silva.



Dados do Ministério do Interior indicam que a esquerda e a extrema esquerda, somadas, vêm perdendo votos há cinco eleições. Em 1974, 47,2% dos eleitores votaram em candidatos progressistas.



Desde então, os socialistas não ganham espaço e os comunistas se mostram incapazes de recuperar a confiança de operários e pequenos comerciantes, em migração para a extrema direita desde os anos 80.



A seqüência de tropeços resultou no trauma de 21 de abril de 2002: mesmo com 37,15% de apoio popular, esquerda e extrema esquerda não conseguiram superar Le Pen – que acabou derrotado no segundo turno pelo presidente Jacques Chirac, reeleito com 82% dos votos de franceses temerosos com a possibilidade de o ultranacionalista chegar ao poder.



Nessa nova eleição, o medo de uma “tragédia” se repete no campo socialista. Mesmo que Ségolène confirme seu bom desempenho, seus assessores já se prepararam para o pior. “Há dez anos não vamos ao segundo turno das eleições presidenciais, e esse risco ainda existe”, disse o porta-voz dos socialistas Armand Montebourg.



Fonte: O Estado de S.Paulo