Gerald Thomas deixa blog e coluna: ''Não agüento mais!''

Não me lembro, nem mesmo quando adolescente na Biblioteca do Museu Britânico lendo, entre várias coisas, as colunas inflamadas de Bernard Levin (uma espécie de Paulo Francis britânico), de responder, xingar, tentar agredir e chegar a nível tão baixo co

Mas enquanto ouço do meu elenco no Rio que as ovações são diárias e as críticas cada vez melhores, os comentários que recebo no meu blog no UOL e aqui no DR são de tamanha agressividade que simplesmente não compreendo mais quem lê, porque lê e porque perdem tempo em responder.


 


''Lixo: você não passa de lixo'', escreveu um leitor. ''Você não passa de um merda….'' E coisas do tipo. E por que? Porque expressei a minha opinião sobre a minha preferência sobre o Rio (e reafirmo a minha preferência por aquela belíssima e complicada cidade) ou a sobre a minha amizade com Henri Sobel.


 


Sinceramente? É desencorajador! Digo, desencorajador continuar escrevendo simplesmente porque não produz uma discussão frutífera, como já foi no passado. São somente insultos vindos, sei lá…da frustração alheia, da impotência anônima, da obscuridade daqueles que não tem voz, daqueles que são um mero nome escondido atrás de um [email protected]


 


Eu ia escrever sobre o Alec Baldwin, sobre Don Imus e sobre como estamos – finalmente – chegando ao fim da era Bush. Seu ministério inteiro está em falência múltipla de órgãos. Mas pra quê? Pra ser xingado de novo? Não, não obrigado.


 


Mas entre os leitores há os cândidos e meigos que querem me ''ensinar'' a viver:


 



Meu Caríssimo Gerald!


 


Faça psicoterapia com um excelente profissional (há, ruins, infelizmente). Por favor, faça isso. Você ganha, porque ao se descobrir, pára de buscar fora de si soluções. Vive com alegria o que lhe pertence. Não vive em montanha russa, ora contente, ora deprê. Mas, com essa atitude saudável, poupa-nos de interminavelmente nos depararmos com suas idiossincrasias, para não dizer sandices. Acho que você ter humildade para tanto é mais difícil do que os EEUU saírem do Iraque, mas não custa tentar. Faço minha parte. Você? Se quiser mais qualidade de vida, faz a sua. (ah, antes de você me chamar de reacionária, sou de uma geração que AQUI, não em Londres, sofreu a miséria da repressão. Fiz literatura, teatro, reunião depois da meia-noite, quando a polícia tinha ido dormir. E mais algumas coisitas que a vida, vivida aqui, no dia-a-dia, e não em Londres, nos impinge. Meu abraço cordial. Joana.


 


Ou este outro, de uma judia que não acredita na minha amizade com o Sobel:


 



Realmente trata-se de um personagem interessantérrimo e pra lá de extravagante: Quem? O Sobel? Não, o Thomas! Do nada e um belo dia, ''descobriu-se judeu''. Bela descoberta! Pena que quando uma coisa assim acontece na vida da gente, não basta só descobrir. Esse não é propriamente o filme que se revela imediato, seja em preto e branco ou tecnicolor. Esse filme da vida, não carece de se achar bom amigo. Esse é o próprio filme onde cada um dos personagens tem seu papel a seguir. E nesse papel, não pode falhar. Não basta se achar amigo do diretor. Essa película exige muito mais que isso! Tem que ser realmente amigo, amigo do amigo, e ainda amigo do amigo do amigo, mesmo e principalmente se nesse caminho, houver inimigo!……. Thomas, por favor, se pisar nesta taba, te perturba mais que um dormonid, melhor não fazer. Melhor que ouvir. Quem lucra? (não sei quem assina)


 


Bem, foram dois exemplos pelo menos dignos de ler. Os que eu tenho recebido no Blog são impublicáveis. Só podem vir de mentes deformadas pela frustração do anonimato total ou do ''beco sem saida'' da vida de quem odeia aqueles que conseguiram construir algo, uma obra, um vocabulário, algo que atinge as pessoas. Esses, tenho certeza, trocariam suas vidas inteiras para poderem ser ostras em restaurantes quatro estrelas (classificação do Zagat), só para poderem ouvir o boxixo das celebridades antes de serem engolidas com alquela esprimidinha de limão!


 


Então, confesso que tenho que repensar essa coisa de escrever coluna ou de manter blog. Ser autor e diretor de teatro já dá um enorme trabalho (e me traz imitadores/ladrões, mas isso já é outro assunto). Vou colocar o ''colunismo'' no backburner, ou seja, dar um tempo, até que eu ache uma forma em que eu não me sinta tão pessoalmente atingido. Estou de saco cheio e percebo que vocês também estão. De xingamento em xingamento, fiquem com eles. Eu fico na minha. Até mais!