Pistoleiros matam sem-terra e ferem 7 no Pará

Um agricultor sem-terra foi morto nesta quarta-feira (2) e outros sete ficaram feridos em atentado praticado por pistoleiros que dispararam vários tiros contra um acampamento de famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no km

O corpo dele foi removido para o Instituto Médico Legal (IML) de Castanhal, a 160 km do local do atentado. Os outros sete feridos foram atendidos em hospitais da região. Em protesto contra o crime, o MST fechou a rodovia desde a manhã. Até o momento ela não foi liberada, provocando engarrafamento de 10 km nos dois sentidos. A polícia ainda não localizou os criminosos.


 


Os tiros partiram de homens armados e encapuzados que estavam em uma caçamba que, segundo o coordenador do MST no estado, Ulisses Manaças, seria dirigida pelo motorista do fazendeiro Zé Anísio, arrendatário da fazenda São Felipe e na frente da qual, às margens da rodovia, estão acampadas 220 famílias há dois meses.


 


''Eles no chegaram na frente dos acampados já atirando. O pânico foi total. Pessoas idosas e crianças gritavam e corriam tentando escapar dos tiros'', contou Manaças. O MST só irá liberar a rodovia depois que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desapropriar a fazenda. Uma vistoria feita pelo órgão constatou que a área é grilada e pertence à União.


 


Fazenda do presidente da UDR é desocupada


 


Os 120 integrantes do MST que ocuparam domingo (29/04) a fazenda pertence ao presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, desocuparam a área na tarde desta quinta-feira (3). A propriedade chama-se Ipezal e fica em Sandovalina, no Pontal do Paranapanema. O líder Valmir Rodrigues Chaves, da direção nacional do movimento, disse que os sem-terra vão dar uma trégua de 20 dias para preparar uma nova ofensiva. ''Não vai ter muito descanso, pois antes do final do mês a gente recomeça'', avisou.


 


Segundo ele, os alvos serão fazendas que já foram consideradas devolutas e estão sendo reivindicadas pelo Estado, por meio de ações discriminatórias. ''É terra suficiente para assentar as famílias que estão acampadas há anos no Pontal.'' Apenas as famílias ligadas ao MST de Teodoro Sampaio somam 1.400, segundo ele. No total, incluindo outros movimentos, passam de 3 mil, de acordo com o líder. ''Temos companheiros que já completaram 10 anos sob a lona.''


 


A desocupação da propriedade do presidente da UDR foi determinada pelo juiz Francisco José Dias Gomes, da comarca de Pirapozinho. O juiz ordenou que os sem-terra mantivessem uma distância mínima de 10 quilômetros da área ocupada. Chaves disse que a ordem judicial foi cumprida. ''Nosso pessoal retornou para os acampamentos que ficam mais distantes.'' O transporte para os acampamentos de Presidente Bernardes, Teodoro Sampaio e Presidente Epitácio foi providenciado pelo próprio movimento, segundo ele.


 


Nabhan Garcia encaminhou ofício ao comando da Polícia Ambiental solicitando uma vistoria na área. De acordo com o ruralista, os sem-terra cortaram árvores nativas para montar os barracos. Também houve queima de madeira e foram danificadas as pastagens. Chaves disse que os sem-terra não fizeram estragos na fazenda.