Em Paris, Festival da Voz é Livre se prepara para o pós-eleição

Enquanto a campanha para presidente chega à hora da verdade na França, terra da arte engajada, um festival de música, A Voz é Livre, cola no confronto Ségolène Royal-Nocolas Sarkozy. São três dias de resistência musical aos “poderes mercantis”, a

Neste domingo de votação, o festival da esquerda engajada respeita um cessar-fogo. Segunda e terça-feira, retoma com declamadores e músicos. “Todos convencidos de que os artistas utópicos e os músicos não formatados estão em vias de extinção”, declara Blaise Merlin, 27 anos, promotor do evento, que em tempos não-eleitorais se chama Jazz Nômades.



“Eu naci no bairro da Goutte-d'Or, bem no meio da miscigenação social e num ambiente de verve e oralidade”, explica Merlin. “Então, sim, a escolha está clara: nós nos opomos à política de fechamento de Nicolas Sarkozy, do lucro, da ambição pessoal como único eixo de pensamento”, afirma.



E se Sarkozy ganha, o que acontecerá no 7 de maio nas periferias do norte (a polarização social parisiense é entre um sudoeste rico e um nordeste pobre)? “Aí será a hora de erguer as barricadas, de mostrar nossas armas: a alegria, a generosidade e a arte”, responde Merlin.



E se Ségolène ganhar? “Uma festa, mas com vigilância. Será preciso estabelecer: o que fazer da linguagem? Uma especulação econômica ou um território de poesia?”.
Blaise Merlin realiza há sete anos apresentações no 18º Arrondissement, o bairro mais ao norte da capital francesa. “Eu tenho cruzado com enormes energias positivas, mas na hora da relação com as instituições elas reagem como se não tivéssemos feito nada”, critica.



Com informações do Le Monde