´Financial Times` reclama do Brasil por quebrar patente de remédio

O jornal britânico Financial Times acusou o governo brasileiro de adotar “atitudes temerárias”, ao quebrar a patente de um remédio contra a aids, o Efavirenz,  nesta sexta-feira (4), e “agressivamente desafiar a indústria farmacêutica em bus

O jornal lembra que o  presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinouo ato, que “permite ao governo a compra de fornecedores genéricos rivais, com procedimentos permitidos pelas regras da Organização Mundial de Comércio”. Mas agrega que “a medida marca um agravamento nos confrontos sobre os preços das drogas entre países em desenvolvimento e a indústria, após uma recente decisão da Tailândia de emitir licenças compulsórias para vários remédios patenteados, inclusive o Efavirenz”.



“Ativistas da saúde saudaram a medida brasileira por oferecer os remédios a preços acessíveis para pacientes com uma doença que ameaça a vida”, admite o artigo de Andrew Jack e Richard Lapper. “Michael Weinstein, presidente da Aids Healthcare Foundation, que opera clínicas na América Latina, disse: 'Hoje, tivemos uma vitória para ativistas da aids e pacientes em toda a parte, uma prova que as empresas de remédios serão derrotadas toda vez que se colocarem no caminho da justiça para os pacientes de aids'”, exemplifica.



Os argumentos do laboratório



Porém o maior espaço vai para a Merck, ameaçada de perder um negócio da ordem de US$ 57 milhões por ano. “A indústria farmacêutica advertiu que a medida pode prejudicar severamente o fornecimento de drogas baratas para os países mais pobres do mundo”, alerta o jornal.



O artigo cita, Jeffrey Sturchio, vice-presidente do laboratório norte-americano: “Se o Brasil expropria a propriedade intelectual, terá o efeito assustador de ameaçar as pesquisas de doenças do mundo em desenvolvimento pelas empresas e, no longo prazo, terá um impacto nos países mais pobres”, disse o executivo, repisando o argumento usual dos proprietários de patentes do Primeiro Mundo.



O jornal também transmite a explicação oficial da Merck para o fato de cobrar US$ 1,57 por um comprimido de Efavirenz vendido ao Brasil, e US$ 0,65 pelo mesmo comprimido quando vendido à Tailândia. “A Tailândia tinha uma incidência muito mais alta de HIV, o que levou a categoria de vendas do Efavirenz no país a preço de custo”, disse Sturchio.



“Sturchio argumentou que a Merck continuava a baixar o preço do remédio, mas economias emergentes como o Brasil tinham um papel a fazer junto ao mundo desenvolvido em ajudar não só a cobrir os custos de produção, mas também a patrocinar futuras inovações em remédios”, disse ainda o diário visto como porta-voz oficioso dos meios financeiros da City londrina.



Com Financial Times