Gastos sociais do governo federal já chegam a 22% do PIB

O gasto social do governo aumentou o equivalente a três pontos percentuais do Produto Interno Bruto (PIB) na década compreendida entre os anos de 1995 e 2005. Era de 19% do PIB e passou a 22% há dois anos.

Com esse aumento, foi possível ampliar benefícios como, por exemplo, elevar de 14,5 milhões para 21 milhões ao ano o número de pessoas que recebem ajuda da previdência social. Também cresceram os números de concessões de seguro-desemprego a cada ano e de crianças na escola, que saltaram cerca de dez milhões entre 1995 e 2005. Além disso, pode se considerar que melhorou a eficiência dos programas e de ações sociais dos governos porque boa parte dos recursos passou a ser concedida diretamente aos beneficiados, sem a intermediação de organizações, o que, em geral, eleva os custos.



Esses dados foram calculados por uma equipe do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicadas (Ipea) sob a coordenação de Jorge Abrahão de Castro, que os divulgou na segunda-feira durante debate no lançamento do livro “Política Fiscal e Desenvolvimento no Brasil”, da Editora Unicamp. Um primeiro levantamento sobre os gastos sociais das três esferas do governo, que constitui um dos capítulos do livro, já tinha sido divulgado, mas agora ele foi atualizado incorporando a revisão feita recentemente pelo IBGE na apuração do PIB.



Como também houve um aumento, nesse período, de outras despesas governamentais, em especial no pagamento de juros e outros encargos relativos à dívida, fica evidente por que o governo teve que elevar a carga tributária.



Curiosamente, o trabalho indica que os gastos com educação e saúde não tiveram aumentos substantivos nos últimos anos, em comparação com o PIB, seja no governo Fernando Henrique Cardoso, seja na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.



O trabalho do Ipea também indica uma clara correlação entre as variações do PIB e do gasto social governamental, de tal forma que fica evidente, segundo Castro, que não existe no país um sistema de proteção social nas épocas de crise econômica. Os gastos tenderão a crescer enquanto a economia for bem, mas provavelmente também vão desacelerar quando a tendência do ritmo de atividade da economia for mais lento.
 


Fonte: Valor Econômico