Operação da PF prende índios, empresários e servidores do Ibama
A Polícia Federal desencadeou na manhã desta quarta-feira (16) a Operação Mapinguari. A ação visa desarticular grupos organizados que atuam nas atividades ilegais de extração, transporte e comercialização ilegal de madeira na região do Parque Indígena
Publicado 16/05/2007 16:48
Índios, empresários, servidores públicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram presos hoje durante a Operação Mapinguari desencadeada pela Polícia Federal em cinco Estados. A quadrilha teria extraído cerca de duas mil cargas de madeira de uma área de 8,5 mil hectares do Parque Nacional Indígena do Xingu, Norte de Mato Grosso, e vendidas ilegalmente para madeireiras em Santa Catarina, Paraná, Goiás e Mato Grosso.
As 47 prisões e 57 mandados de busca e apreensão foram decretados pelo juiz da 1ª Vara Federal em Mato Grosso, Julier Sebastião da Silva, que acolheu pedido do Ministério Público Federal (MPF). As investigações tiveram início há dez meses. Ao menos 15 madeireiras em cinco Estados foram fechadas e lacradas. “Madeireiras da região mandavam as cargas para suas filiais ou clientes em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás”, disse o delegado coordenador da operação, Franco Perazzoni.
De acordo com a denúncia do MPF, seis índios da etnia Trumai, identificados por Ararapan, Maitê, Gaúcho, Hulk, Itaqui e Mirim Trumai facilitavam a extração e comercialização da madeira do parque criado em criado em 1961 anos pelos irmãos Villas Boas. Além da participação dos índios, quatro servidores Ibama – Gleyçon Benedito de Figueiredo, Carlos Henrique Bernardes, Vilmar Ramos Meira e Célia Pereira de Carvalho – tiveram as prisões decretadas acusados de aprovarem planos de manejo florestal fraudulentos. Procurados pelo Estado, os advogados do servidores do Ibama e a Funai não quiseram comentar as prisões.
O delegado informou que os grileiros, proprietários rurais e arrendatários seriam responsáveis por providenciarem os recursos financeiros e contratar pessoal para executar os trabalhos da quadrilha. Técnicos e consultores ambientais tinham com função na quadrilha obter facilidades nos órgãos públicos e corromper servidores. Os valores da negociação não foram divulgados.
O Parque Indígena do Xingu localiza-se na região nordeste do Estado do Mato Grosso, na porção sul da Amazônia brasileira. Com 2 milhões e 642 mil hectares, abriga cerca de 14 povos indígenas e se caracteriza como uma região de transição ecológica, de grande biodiversidade e que abriga diversos biomas como savanas, florestas, cerrados e campos.
Mapinguari
A operação da PF recebeu o nome de Mapinguari em alusão ao ser que, conforme a lenda indígena, protege a floresta contra aqueles que lhe fazem mal. Quase sempre é descrito como um animal de mais de dois metros, peludo, com garras gigantescas, dentes enormes e que adora alimentar-se de caçadores, garimpeiros e lenhadores.Muitos juram ter visto o animal e alguns até lutaram com ele. Os relatos são tão constantes que uma equipe de pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi chegou a fazer uma expedição.
Da redação,
com agências