Serra diz que estará com Aécio “para o que der e vier”

Não foi só a entrevista de Lula que ocupou as atenções políticas. Horas depois do Presidente falar à imprensa, um encontro dos governadores José Serra e Aécio Neves também chamou atenção, sobretudo a afirmação de que estarão juntos nos próximos anos pa

O governador paulista tratou de valorizar a “idéia de que estamos juntos, chegamos sempre juntos e vamos estar juntos nos próximos anos para o que der e vier”.


 


Aécio Neves, porém, preferiu comentar a declaração do presidente Lula sobre a demanda dos Estados e a mudança do critério para o limite de endividamento, que será objeto de uma futura reunião em Brasília. Os governadores voltam a se encontrar em Brasília no próximo dia 22.


 


Para Serra, “cada projeto tem de ser analisado pelo seu mérito. Isso é que vale. E nenhum processo será de troca-troca”, diante de uma possível vinculação das demandas dos Estados à aprovação da prorrogação da DRU e da CPMF. Sobre o fim da reeleição no Brasil, Aécio diz que não se trata de prioridade e que não vai gastar uma gota de suor para discutir o assunto: “Se o Congresso achar que é um assunto adequado para ser discutido, que ele discuta. A minha posição é clara. Tenho a convicção pessoal que me leva a dizer que um período de cinco anos sem reeleição seria o melhor para o país, mas isso não é fácil e não muda o quadro político”.


 


Aliados gostaram


 


As declarações dadas pelo presidente Lula admitindo que não apóia nova reeleição e o seu candidato pode não ser do PT, mas da base aliada, repercutiram bem no PMDB, PSB e PR. Um dos primeiros a falar foi o presidente do PMDB, Michel Temer, que já no início do ano, ao ser reeleito para dirigir o PMDB, disse que Partido teria candidato: “A declaração de Lula coincide com o que eu tenho afirmado, que é natural uma candidatura da coalizão. Eu luto para que o candidato seja do PMDB e buscarei fazer com que seja a sua vez.”, afirmou Michel Temer. Mas não ficou só. O deputado Ciro Gomes acha que o seu bloco também está na mesma perspectiva do presidente.


 


Além da flexibilização do endividamento dos Estados, os dois governadores também discutiram outras questões que pretendem levar ao Congresso Nacional, tais como a partilha da CPMF vinculada a investimentos na área da Saúde atendendo estados e municípios, além da isenção do PIS e Cofins para empresas de saneamento. “Coisas lógicas e racionais para conversar também com outros governadores e nos articularmos no Senado e na Câmara para garantirmos a aprovação delas,” garante Aécio.


 


Para o governador de Minas Gerais, esta não é apenas uma agenda da oposição, mas também de toda a nação: “É preciso que o governo tenha sensibilidade para pleitos absolutamente adequados ao País e que haja generosidade neste esforço político. É preciso que os Estados compartilhem e participem.” Em sua avaliação, isso criará um clima de convergência no Congresso Nacional, possibilitando também maior facilidade na tramitação dos projetos.


 



Reação no PT


 


Ao comentar a declaração do presidente Lula sobre a candidatura única da coalizão em 2010, com possibilidades até mesmo de não contemplar o PT, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia logo reagiu, dizendo que “é possível, mas difícil” e na mesma linha se pronunciou o deputado Luiz Sérgio do PT na Câmara, que reafirma preferência por um nome do Partido. Foram os primeiros sinais de reação.


 


Na oposição, a declaração de Lula foi vista como um jogo. O líder do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio acha que o presidente fica plantando isso para manter a base aliada, mas o PT nunca vai deixar de lançar o candidato a presidente.


 



A promessa


 


Está acertado, no entanto, que Lula deve apresentar aos governadores, no próximo encontro, medidas para aumentar a capacidade de investimento e de endividamento dos Estados, sem permitir descontrole nas contas. Ele não adiantou quais serão as medidas, mas afirmou que a Lei de Responsabilidade Fiscal não deverá ser ferida.


 


Lula contemporizou, ao dizer que tem a “idéia de flexibilizar um pouco”, os rigores da Lei. E que vai discutir com os ministros da Fazenda, do Planejamento e governadores os limites “dessa flexibilização, sem criar nenhum problema futuro”, e também “sem permitir que as pessoas voltem às gastanças tradicionais nesse país.”


 



CPI adiada


 


O Senado adiou para amanhã a instalação da CPI do Apagão Aéreo, diante da pauta de votações no plenário do Senado, trancada por 14 medidas provisórias. Outra causa foi o protesto do DEM contra a demora na instalação da CPI das ONGs. O partido reivindica a indicação dos integrantes da CPI das ONGs para que as duas comissões sejam instaladas simultaneamente no Senado. A base governista deve ficar com a presidência da CPI do Apagão, enquanto a oposição, com a relatoria.


 


Fonte: Política para Políticos / Carlos Fehlberg