AFBNB alerta sobre ameaça aos bancos de desenvolvimento regional

A Associação dos Funcionários do BNB distribuiu nota alertando sobre o risco de extinção dos bancos regionais de desenvolvimento. Segundo a AFBNB o BNB e o BASA seriam incorporados pelo Banco do Brasil.

A entidade informa que a Dep. Vanessa Grazziontin (PCdoB-AM), apresentou requerimento para audiência pública na Comissão da Amazônia, Integração Nacional e Desenvolvimento Regional, com o objetivo de uma ampla discussão e esclarecimento sobre o estudo que estaria sendo feito por técnicos do Tesouro Nacional.


 


Veja a íntegra da nota:


 


Governo sugere extinção dos bancos de desenvolvimento regional


 



A Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (AFBNB) tomou conhecimento na terça-feira, 08/05, de informações contidas num relatório do Tesouro Nacional e também através de notícias, veiculadas pela imprensa, de que o Banco do Brasil estaria se preparando para incorporar o Banco do Estado de Santa Catarina. Informação que foi confirmada pelo presidente Lula durante evento naquele Estado no dia 09/05.


 


Ao tempo que as informações foram divulgadas, acresceu-se que há possibilidade de um estudo em andamento e do interesse do BB em incorporar os bancos regionais BASA e BNB. Tais indícios levam para o interesse daquele banco em aumentar sua participação no mercado diante das instituições privadas. Conforme a declaração do presidente do BB, Antonio Lima Neto, ao jornal Correio Braziliense, “As medidas buscam uma melhora na eficiência e na dinâmica de negócios do banco, com ganho de escala. Nós não podemos adquirir nenhum outro banco no mercado. Então, se não nos mexermos, nossa posição de liderança pode ser ameaçada”.



 
Sobre a possível incorporação, o presidente daquela instituição admite que “seria interessante poder adquirir outros bancos”. Ele acrescenta: “Poderíamos dar saltos maiores no aumento de ativos. Hoje, o nosso crescimento é orgânico. Para crescer, só podemos contar conosco mesmos. Com a aquisição de outros bancos, o BB se fortaleceria e a sociedade e o mercado só teriam a ganhar.” Ainda segundo o jornal, conforme declaração de um técnico do Ministério da Fazenda, a incorporação dos dois bancos regionais aumentaria o BB e “se transformariam em braços de fomento do banco”.



 
Argumento dado como excesso de bancos públicos no mercado já foi um pensamento adotado no início do Governo FHC que, em 1995, através do Ministério da Fazenda, emitiu a Nota Técnica nº 20, que defendia a transformação dos bancos regionais em agências de fomento e suas demais atividades seriam incorporadas a outras instituições. Diante desses fatos, a Diretoria da AFBNB está em Brasília para tratar do assunto com parlamentares da bancada nordestina e entidades de desenvolvimento regional. A luta da Associação, desde a sua fundação, é pelo desenvolvimento regional e pela redução das desigualdades sociais, pelo aumento de recursos para a região e o fortalecimento do BNB enquanto órgão do Governo Federal para o atingimento dessas metas.


 


BNB e Basa têm compromisso com a redução das duras desigualdades regionais. Devem, portanto, ser fortalecidos e valorizados. Não o contrário! Nós também defendemos o fortalecimento do Banco do Brasil! Mas não à custa da extinção dos demais bancos oficiais. Lutamos pelo fortalecimento de todos os bancos públicos, como empresas cujas metas devem sempre ir além das metas de mercado, e cuja finalidade seja o bem-estar de todos e não uma resposta vazia ao mercado financeiro.


 


Fundir tais instituições seria um retrocesso e demonstraria uma visão limitada e equivocada das especificidades da realidade brasileira. Seria tratar de forma linear as regiões, cujos problemas são desiguais, além de uma demonstração de incoerência com a luta do passado, quando tais idéias foram duramente rejeitadas pelo risco que traziam à sociedade.


 


Esperamos que a Contraf/CUT convoque todos os sindicatos de bancários e as associações de funcionários de bancos públicos a encampar uma luta contra as idéias liberais postas por alguns setores do governo. Afinal, apoiar as regiões menos desenvolvidas é uma obrigação político-social de qualquer país e não apenas preocupar-se com o “risco Brasil” e com a imagem do Governo diante do mercado financeiro internacional.


 


 


Fonte: AFBNB