Deputados e especialistas defendem preservação remunerada

Um desenvolvimento que busque a preservação da Amazônia, mas que, principalmente, leve em conta as necessidades do povo que habita aquela região. Essa posição foi defendida hoje pela manhã na audiência públ

Os parlamentares foram unânimes em manifestar insatisfação com as ações de governo hoje voltadas para a Amazônia: “É a região mais rica do planeta, mas a atenção que é dada a ela não reflete essa importância”, desabafou Perpétua Almeida. Carlos Souza disparou: “Gostaria que, quando pensassem políticas públicas para a Amazônia, houvesse preocupação não só de manter a floresta em pé, mas também as pessoas que moram lá. Em pé e com dignidade”.


 


Mauro Nazif (PMDB-MG) endossou: “As políticas que vem sendo apresentadas sobre meio ambiente não vão ao encontro das necessidades do povo da Amazônia”. E Sebastião Bala Rocha questionou: “Qual é o destino do homem quando ele é chamado a preservar mas não foi preparado para isso?”.


 


O coordenador de Ações Estratégicas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Estevão Monteiro de Paula, defendeu investimentos em produção de conhecimento. Ele acredita que ciência e tecnologia à disposição do homem da Amazônia é fundamental para que haja capacidade de negociação. “Sem isso estaremos fadados ao insucesso”, decretou.


 


A secretária-geral da WWF Brasil, Denise Hamu, disse que a criação de fundos para preservação da Amazônia depende da existência de políticas claras e precisas para a região. Na opinião da ambientalista, as existentes hoje são conflitantes e às vezes ausentes. Ela defende uma gestão de fundos estruturada de forma a atender as demandas e particularidades da região.


 


O assessor especial do Ministério do Meio Ambiente, Luis Fernando Krieger Merico, defendeu a criação de benefícios tributários pela União para os Estados que possuam unidades de conservação ambiental. Citou como exemplo o Estado do Paraná que destina recursos do ICMS para municípios que preservam recursos ambientais.


 


O diretor do Serviço Florestal Brasileiro do Ministério do Meio Ambiente, Tasso Rezende de Azevedo, lembrou que o Brasil apresentou na Convenção do Clima proposta que é uma espécie de conta corrente da emissão do carbono. “Quando desmatamos geramos carbono que vai para a atmosfera. A proposta é remunerar financeiramente os países pela redução do desmatamento a partir do cálculo de quanto eles deixaram de emitir de carbono”, explicou.


 


Segundo Tasso de Azevedo três características são fundamentais para esse mecanismo funcionar: dados confiáveis, definição clara na aplicação do uso dos recursos e garantia dessa aplicação. Ele ressaltou que essa proposta tem uma agenda para ser implementada a partir de 2012. E será discutida junto com várias propostas de outros países.


 


Tasso de Azevedo enfatizou também a necessidade de um levantamento nacional de todos os mecanismos de compensação financeira já existentes em Estados e Municípios que mantêm unidades de conservação. A pedido da deputada Perpétua Almeida, o diretor se comprometeu a realizar esse levantamento e enviar à Comissão da Amazônia.


 


De Brasília,
Bety Rita Ramos