Construtora e banco doaram R$ 4,6 mi ao PSDB paulista

Sigla obteve R$ 13 mi de empresas, incluindo Camargo Corrêa e Santander, em 2006. Cerca de 40% foi revertido para campanha de Serra. A candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) à Presidência recebeu R$ 2,82 milhões em doações recebidas pelo p

A construtora Camargo Corrêa e o banco Santander Banespa, com R$ 4,6 milhões ao todo, foram os principais doadores do diretório regional do PSDB de São Paulo nas últimas eleições. A sigla paulista recebeu, no total, R$ 13 milhões em doações de empresas.


 


Parte dos recursos, R$ 5,15 milhões (40%), foi revertida para a campanha eleitoral de 2006 que elegeu o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o que representou 19,5% do total gasto pelo tucano na campanha.


 


A candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) à Presidência recebeu R$ 2,82 milhões em doações recebidas pelo partido e redistribuídas aos partidos. Outro grande doador do PSDB foi a empresa Interavia Táxi Aéreo, com R$ 800 mil.


 


Esse tipo de doação é chamado de oculto porque os nomes das empresas doadoras não aparecem na prestação de contas das campanhas dos candidatos, entregues no ano da eleição à Justiça Eleitoral e tornadas públicas no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na internet. A identidade desses doadores só é revelada nas prestações de conta próprias dos partidos políticos, que são apresentadas à Justiça Eleitoral até o último dia de março do ano seguinte e não estão disponíveis na internet.


 


O diretório regional do PT de São Paulo obteve R$ 5 milhões de empresas no ano passado e repassou R$ 6,3 milhões para campanhas diversas. O maior doador foi o banco Santander Banespa, com R$ 760 mil, também um dos principais colaboradores da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República.


 


Já o segundo maior doador do PT paulista, com R$ 700 mil, foi o banco BGN, que faz parte do grupo da empreiteira Queiroz Galvão.


 


Do total obtido nas empresas pelo PT, R$ 1,3 milhão foram para a campanha derrotada ao governo paulista do senador Aloizio Mercandante e R$ 630 mil para a campanha do deputado federal reeleito João Paulo Cunha (PT-SP).


 


A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) doou R$ 100 mil ao diretório petista. No mesmo dia, a campanha do deputado federal José Genoino (PT-SP) recebeu R$ 80 mil do diretório petista. Em entrevista à Folha, Genoino negou saber que a origem tenha sido a CBF. “O PT disse que iria me ajudar na campanha, mas eu não sei a origem primeira dos recursos”, disse Genoino.


 


O diretório regional do PMDB de São Paulo obteve R$ 2,3 milhões e destinou R$ 1,1 milhão para a campanha do ex-governador Orestes Quércia, derrotado ao governo do Estado, e R$ 350 mil para o deputado federal Delfim Neto.


 


Coordenador de Alckmin na cadeia


 


A lista de doadores de campanhas eleitorias começa a ser novamente explorada pela imprensa depois que a Polícia Federal deflagrou na última quinta-feira (17) a Operação Navalha, desbaratando uma quadrilha que superfaturava obras públicas.


 


Entre os presos na operação estão alguns políticos e ocupantes de cargos públicos de segundo escalão que durante as últimas eleições coordenaram importantes campanhas eleitorais. O nome mais proeminente desta lista é o do tucano Nilson Leitão, prefeito de Sinop, uma das maiores e importantes cidades de Mato Grosso, e ex-coordenador da campanha de Geraldo Alckmin à Presidência em 2006.


 


As doações feitas pela Construtora Gautama Ltda., alvo da Operação Navalha, estão merecendo atenção epecial da PF e da imprena. A Gautama doou R$ 520 mil na campanha eleitoral de 2006. As doações foram destinadas a um grupo de deputados e um governador do PMDB, a um senador do PSDB e ao Comitê Financeiro Distrital/Estadual da campanha do governador Jackson Lago (PDT-MA). Todos os citados afirmam que as doações foram feitas aos comitês dos partidos e repassadas a cada campanha, sem que vários destes candidatos sequer soubessem quem era o doador. A argumentação tem fundamento, já que esta é uma prática comum e legal nas campanhas eleitorais. Mas o simples fato de terem recebido dinheiro de uma empresa que está agora no epicentro de um escândalo de grandes proporções será suficiente para tirar o sono de todos os políticos beneficiados com doações da Gautama e de outras empreiteiras suspeitas de superfaturar obras públicas.


 


Da redação,
com informações da Folha de S. Paulo