FPA fará lançamento conjunto de livros com temas políticos

No próximo dia 23 de maio (quarta-feira) a Editora da Fundação Perseu Abramo fará o lançamento de novos títulos da Coleção História do Povo Brasileiro.

No próximo dia 23 de maio (quarta-feira) a Editora da Fundação Perseu Abramo fará o lançamento de novos títulos da Coleção História do Povo Brasileiro. Entre eles estão “A luta armada contra a ditadura militar: A esquerda brasileira e a influência da revolução cubana” de Jean Rodrigues Sales, “A síncope das idéias: A questão da tradição na música popular brasileira” de Marcos Napolitano,  “Soldados da borracha: trabalhadores entre o sertão e a Amazônia no governo Vargas” de María Verónica Secreto e “Do teatro militante à música engajada: a experiência do CPC da UNE (1958-1964)” de Miliandre Garcia. O evento será a partir das 19h30 horas no bar Canto Madalena, Rua Medeiros de Albuquerque, 471, na Vila Madalena na cidade de São Paulo.



 
Veja abaixo a apresentação do livro de Jean Rodrigues escrita pelo professor da Unicamp Fernando Teixeira da Silva.


 
Corações e mentes das esquerdas brasileiras, antes e depois do Golpe de 1964, sofreram a quente o impacto produzido pela Revolução Cubana. Favoráveis ou não aos princípios de guerrilha de Fidel Castro e Che Guevara, o fato é que nenhum agrupamento da esquerda ficou indiferente a eles.



Jean Rodrigues faz um inventário exaustivo da influência cubana na luta armada contra a Ditadura Militar no Brasil. Mas influência não significa, neste livro, recepção passiva ou beatificação dos métodos revolucionários adotados pelos novos líderes da Ilha. Jean revela intrincados e, muitas vezes, sutis dilemas e polêmicas entre os vários agrupamentos da esquerda nos anos 1960 quanto a “fazer como em Cuba”.


 


O tema da luta armada no Brasil permanece vibrante na mídia e nos debates acadêmicos. Sua atualidade está enraizada em um passado que não quer passar, porque suas feridas não foram purgadas e sua apropriação simbólica passa pelos filtros das memórias involuntariamente traiçoeiras e pelas grelhas dos esquecimentos deliberadamente traidores. Documentos produzidos pelos militares, quando não “desaparecidos”, ainda precisam do amparo de leis federais para continuar incógnitos do público. Agentes do terrorismo de Estado alegam ter lutado numa “guerra” e também se julgam merecedores de indenizações. E os que permanecem entrincheirados no lema do “esquecimento em nome da paz” não admitem qualquer revisão das leis que insistem no princípio da “anistia parcial e recíproca”.


 


Por tudo isso, além da fluência do texto, da pesquisa minuciosa, da análise sofisticada e da linguagem acessível, o livro de Jean Rodrigues merece ser lido e debatido por alunos e professores do Ensino Médio e da Universidade, entidades em defesa dos direitos humanos, formadores de opinião, todos os que sofreram na carne e na alma os golpes da Ditadura e qualquer cidadão que queira conhecer melhor uma de nossas histórias mais traumáticas.


 


Fernando Teixeira da Silva – Professor do Departamento de História/Unicamp