Livro faz relato alternativo sobre trajetória dos Mutantes

Muito já se falou e escreveu sobre Os Mutantes. Sua importância musical na construção da identidade do rock brasileiro, aliada às histórias de bastidores envolvendo seus integrantes, sempre foram prato cheio para livros, reportagens, teses. Com seu recent

Ao retomar tal universo, Paula podia cair na cilada de reproduzir velhos lugares-comuns sobre o grupo, sob efeito da euforia do retorno, mas acertadamente preferiu um caminho alternativo. Além de acompanhar de perto o reencontro de Sérgio Dias, Arnaldo Baptista e Dinho, buscou saber o que aconteceu com eles e suas famílias nesse hiato de 30 anos de Mutantes. Além disso, apresenta aos leitores um pouco de quem são os músicos que atualmente acompanham a banda.



Segundo Paula, trata-se simplesmente de um livro de histórias, sem pretensão alguma de soar como uma biografia ou conter crítica musical. “Sérgio e minha mãe são amigos de infância. Acompanhei a volta deles, no estúdio de Sérgio na Granja Viana, e, a partir daí, a idéia foi documentar isso desde o começo do ano passado”, diz ela.



Energia mutante
Paula esteve por perto em todos os momentos importantes, como o grande encontro dos três integrantes do Mutantes – os irmãos Arnaldo e Sérgio não se viam havia anos e o baterista Dinho se manteve longe das baquetas praticamente por três décadas. Para Sérgio Dias, a certeza de que Os Mutantes iriam voltar à ativa foi quando Dinho, instigado pelo convite, topou reassumir a bateria. “A energia mutante estava de volta”, observa a autora.



O cenário foi a casa-estúdio de Sérgio. O clima de expectativa e nervosismo foi superado pelo da familiaridade. “Para os espectadores do encontro, aquilo foi incrível. Para os Mutantes era normal, afinal a intimidade e a cumplicidade de irmãos que tiveram durante tantos anos não se perde…”, escreveu. Eles relembraram velhas histórias, das antigas namoradas, das viagens de ácido, até que alguém proferiu as palavras mágicas “Vamos tocar?”. Dava-se início ali a uma rotina intensa e longa de ensaios, da qual também fez parte a nova integrante, a cantora e compositora Zélia Duncan.



Mesmo sem uma idéia clara do formato que iria seguir, a jornalista iniciou uma série de entrevistas, viajou para conversar com os parentes da banda que vivem em outras cidades, além de registrar o que observava durante essa convivência. O formato se configurou mais tarde. “O livro vai de 1973 até o show de São Paulo e traz, basicamente, histórias desses 30 anos. Hoje, eles estão com 60 anos, têm lado familiar como pais e avôs mutantes. Mostro esse lado familiar, de como lidam com a própria história”, conta Paula Chagas. Nesse meio tempo, o que a autora testemunhou foi a felicidade de todos de estarem juntos. “Eles precisavam tocar de novo na banda deles, ainda tinham vontade de tocar aquelas antigas músicas juntos”.



Fonte: O Estado de S. Paulo