Ocupação da reitoria da USP continua, apesar do clima tenso

Duas reuniões ocorridas na segunda-feira (21), uma com a reitora Suely Vilela e outra com o comandante da Tropa de Choque, coronel Joviano Lima, não foram suficientes para mudar a opinião dos cerca de 300 estudantes que ocupam há vinte dias a Reitoria da

Uma nota divulgada no blog dos estudantes acampados na Reitoria (http://ocupacaousp.blog.terra.com.br) diz que a reunião de segunda contou com o vice-reitor Franco Maria Lajolo, a própria reitora, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e uma comissão de cerca de trinta estudantes. Suely Vilela reapresentou sua proposta anterior, que havia sido retirada com a divulgação da ordem de despejo enviada pela Justiça.


 


A proposta garante 334 novas vagas para moradia estudantil e uma audiência pública para discutir se existe de fato quebra de autonomia nos cinco decretos emitidos pelo governador José Serra (PSDB-SP). Os universitários afirmam na nota que a oferta “continua sendo insuficiente e que a ocupação será mantida”. A reitora havia dado um ultimato aos estudantes para que eles saíssem do prédio até o fim da noite de segunda, sob o risco de perderem o único canal de negociação até então aberto com a instituição.


 


O comunicado dos estudantes diz ainda que haverá nova assembléia dos estudantes da USP, às 18h de terça-feira (22), em frente ao prédio da Reitoria. Pode haver revisão na decisão de permanecer no prédio. Um dos alunos que participou da reunião com Suely Vilela afirma que, se os estudantes tivessem saído, a instituição se comprometeria em evitar punições contra os ocupados. Entretanto, com a decisão tomada pela assembléia, o risco de haver processos jurídicos e administrativos volta a existir.


 


Outra reunião importante na segunda (21) foi feita com representantes jurídicos da universidade e também advogados dos estudantes, além do coronel Joviano Lima, comandante da Tropa de Choque da Polícia Militar e da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP). O coronel sinalizou que os policiais estão prontos para cumprir a ordem de reintegração, expedida pela Justiça a pedido da universidade na tarde da última quarta-feira (16).


 


Na sexta-feira passada (18), uma nota da Reitoria em que diz que o diálogo com os estudantes foi tentado “incessantemente, e permeado por princípios democráticos e da tolerância”, e que tem sido assim “desde o primeiro dia de ocupação do prédio dia sem que se tivesse logrado êxito”. A Tropa de Choque afirmou à imprensa irá esgotar ao máximo as negociações para que a saída ocorra de forma pacífica. Entretanto, se mesmo depois das tentativas de saída sem violência não houver acordo, será usada a “força necessária e equilibrada para a reintegração”, diz o coronel Lima.


 


A comunidade acadêmica, porém, não está alheia ao emprego da força policial na desocupação. Circula um abaixo-assinado entre os professores da universidade, que tem pelo menos 300 adesões, a maioria deles docentes que atuam no campo das ciências humanas. Até agora a Reitoria tem ignorado este manifesto. Os professores rejeitam “qualquer ação violenta de desocupação do prédio [da Reitoria], tendo em vista a justeza de sua causa política em defesa da universidade pública”.


 


Dentre os que assinam o documento estão intelectuais como os professores Antonio Candido, Alfredo Bosi, José Miguel Wisnik, Luiz Tatit, João Adolfo Hansen, Marilena Chauí, Franklin Leopoldo, Paulo Arantes, Olgária Matos, Maria Victoria Benevides e Leda Paulani.