Criada frente de deputados estaduais contra mudanças no Banco do Brasil
Um grupo de deputados estaduais, representando vários estados brasileiros e liderado pelo deputado Raul Carrion (PCdoB RS), entregou, nesta sexta-feira, uma moção em apoio à suspensão do processo de reestruturação do Banco do Brasil (BB) ao ministro su
Publicado 26/05/2007 21:50 | Editado 04/03/2020 17:12
Biscaia foi o palestrante do painel Momento Político Brasileiro, na XI Conferência da União Nacional dos Legislativos Estaduais (Unale), que ocorreu na Assembléia Legislativa do RS. Os parlamentares afirmam, no documento, que “cabe ao governo federal intervir na política da instituição para que a lógica neoliberal seja abandonada e assuma o papel social de promover o desenvolvimento regional seja realmente o banco dos brasileiros e não mais um banco de mercado, cujo único objetivo é o lucro”.
Antônio Carlos Biscaia, que trabalhou oito anos no Banco do Brasil, garantiu que irá entregar a moção ao ministro da Justiça, Tarso Genro, e propor uma audiência com a diretoria da instituição para discutir o assunto.
Íntegra da moção
“Em maio de 2007 o Banco do Brasil iniciou uma reestruturação cujo objetivo é centralizar em cinco capitais aos seus centros regionais de logística – desconhecendo as dimensões continentais do País –, restringir o atendimento nas agências e terceirizar áreas estratégicas.
A diretoria do banco diz que seu plano de ações estruturantes visa conferir mais eficiência e competitividade frente aos bancos privados. Entretanto, a lógica da centralização está fazendo com que os funcionários mais qualificados sejam deslocados para outras dependências fora de sua área de especialização, ainda com perdas salariais e com tempo exíguo para tomada de decisões. A diretoria do banco não considera o impacto do passivo trabalhista decorrentes deste plano, não apenas da mão-de-obra interna, como também daquelas referentes aos contratos terceirizados.
Esta centralização da logística vai provocar grandes perdas nas economias locais, com a migração de empregos e das atividades de licitação, contratação e fiscalização para apenas cinco capitais. Não são simplesmente os empregos do Banco do Brasil, mas também de milhares de empresas de pequeno e médio porte, em todas as regiões, que são afetadas pelas medidas. Os estados perdem importância política, receitas e ganham aumento do desemprego. O banco aumenta seu lucro e a sociedade perde.
Questiona-se, ainda, o papel do Banco do Brasil enquanto empresa, cujo maior acionista é a própria União. Esse papel, que inclui o lucro e um posicionamento forte no mercado, não pode excluir o povo. Quando a direção da empresa determina que clientes com renda inferior a R$ 2 mil deverão ser atendidos da porta da agência para fora (salas de auto-atendimento, telefone 0800 e agências lotéricas) está excluindo a maioria do povo brasileiro. Essa é uma ação que contradiz frontalmente o discurso de bancarização e inclusão social pregado pelo próprio acionista majoritário. Será que é isso que o povo brasileiro espera de um banco público? É este o papel que o Banco do Brasil quer exercer diante da sociedade? A que interesses deve servir o Banco do Brasil? Não parece ser os interesses do povo brasileiro.
O Banco do Brasil deve atuar como regulador de mercado, reduzindo taxas, juros e tarifas. Com esta reestruturação, o Banco do Brasil está sendo um agente promotor de desigualdade entre as regiões.
Cabe ao governo federal intervir na política da instituição para que a lógica neoliberal seja abandonada e assuma o papel social de promover o desenvolvimento regional seja realmente o banco dos brasileiros e não mais um banco de mercado, cujo único objetivo é o lucro.
Isso posto, os parlamentares abaixo-assinados propõem:
Imediata suspensão do plano de excelência na gestão – reestruturação do Banco do Brasil;
Abertura de negociação com as entidades representativas dos funcionários;
Fortalecimento do caráter público e social do Banco do Brasil, enquanto instrumento de fomento da economia e de desenvolvimento nacional”.
Isabela Soares